sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Outros futebóis

Não consigo dormir no aeroporto. Os olhos teimam em fechar-se, é verdade, mas é tudo o que consigo. Enquanto procuro o sono, vejo (vejo?) a repetição do Líbano – Irão, de apuramento para o Campeonato do Mundo.
O jogo é relatado numa língua que não posso identificar. As próprias legendas o são e só muitos minutos depois me dou conta de que estou a ver um jogo que os libaneses consideram histórico: ganharam ao Irão pela primeira vez em 17 partidas (1-0).

O jogo não é grande coisa. O Líbano já vence, mas o Irão carrega no ataque. Uma vitória dar-lhe-ia o comando do grupo, empatado com a Coreia do Sul, que tinha escorregado com o Usbequistão. A equipa de Carlos Queiroz teima, mas sempre com o mesmo resultado: nenhum.

O Líbano tem um esquerdino que assusta a defesa iraniana. Muito rápido e com boa técnica, de cada vez que pega na bola corre para a baliza adversária. Mas também aqui, já percebi, é muita parra e pouca uva. Nenhuma oportunidade de golo. Jogadas bonitas, sim, mas longe da área.

Começa o “chuveirinho” iraniano para a área libanesa. Mais um canto. O jogo entra nos descontos e há jogadores libaneses a queimar tempo, fingindo-se lesionados. Afinal não é só em Portugal que há anti-jogo… Nas bancadas, os espetadores saltam e gritam pelos seus, na expetativa de uma vitória que nunca tinham visto. 

No último minuto, o guarda-redes da casa faz uma defesa de outro mundo, para canto. Mais um. Mas já ninguém acredita que o resultado vai alterar-se.

O árbitro apita, o relvado é invadido por algumas dezenas de pessoas. O guarda-redes é levado em ombros, vitoriado como um herói.

Para mim, o jogo valeu por isso, pela alegria das pessoas. De resto, muito mau futebol. Mas também, naquele ervado, alguém poderia pedir melhor?

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