O jogo é relatado numa língua que não posso identificar.
As próprias legendas o são e só muitos minutos depois me dou conta de que
estou a ver um jogo que os libaneses consideram histórico: ganharam ao Irão pela
primeira vez em 17 partidas (1-0).
O jogo não é grande coisa. O Líbano já vence, mas o Irão carrega no ataque. Uma
vitória dar-lhe-ia o comando do grupo, empatado com a Coreia do Sul, que tinha
escorregado com o Usbequistão. A equipa de Carlos Queiroz teima, mas sempre com
o mesmo resultado: nenhum.
O Líbano tem um esquerdino que assusta a defesa iraniana. Muito
rápido e com boa técnica, de cada vez que pega na bola corre para a baliza
adversária. Mas também aqui, já percebi, é muita parra e pouca uva.
Nenhuma oportunidade de golo. Jogadas bonitas, sim, mas longe da área.
Começa o “chuveirinho” iraniano para a área libanesa. Mais um canto. O jogo entra nos descontos e há jogadores libaneses a queimar tempo, fingindo-se lesionados. Afinal não é só em Portugal que há anti-jogo… Nas
bancadas, os espetadores saltam e gritam pelos seus, na expetativa de uma vitória
que nunca tinham visto.
No último minuto, o guarda-redes da casa faz uma defesa de
outro mundo, para canto. Mais um. Mas já ninguém acredita
que o resultado vai alterar-se.
O árbitro apita, o relvado é invadido por algumas dezenas de
pessoas. O guarda-redes é levado em ombros, vitoriado como um herói.
Para mim, o jogo valeu por isso, pela alegria das pessoas.
De resto, muito mau futebol. Mas também, naquele ervado, alguém poderia pedir
melhor?
Sem comentários:
Enviar um comentário