sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Crime e castigo


Simpatizo cada vez menos com Jorge Jesus. Criei uma boa ideia dele, é certo, quando o vi a treinar o Est. da Amadora, o Belenenses, o Sp. Braga. Cheguei a falar com ele algumas vezes – sempre conversas breves – e causou-me boa impressão. Mas desde que chegou ao Benfica e, sobretudo, desde que foi campeão, o seu capital de simpatia desceu a pique. O homem pode perceber muito de futebol, mas nos últimos anos mostra-se arrogante, mal-educado e, tão mau ou pior, gabarola e fanfarrão.

Jorge Jesus comporta-se muitas vezes como se tivesse o rei na barriga. Seria bom que alguém lhe dissesse  que vivemos numa república desde 1910. Pode ser das bananas, mas ainda assim sem lugar para reis.

E a que propósito vem isto? A propósito do castigo – 15 dias de suspensão – que o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol aplicou ao treinador do Benfica, pondo termo a um processo que se arrastava desde a visita do F.C. Porto a Luz na época passada (3-2 para os dragões, com o golo da vitória a ser marcado por Maicon, em fora-de-jogo). No final do encontro, Jorge Jesus disse que se o árbitro auxiliar não assinalou o fora-de-jogo foi “porque não quis”.

Duvido que as equipas de arbitragem façam “o que querem” na prática da arbitragem, mas isso não é para aqui chamado. Aquilo que eu chamo para aqui é o tempo que se demora a julgar declarações consideradas injuriosas. E, já agora, também o timing da publicação do castigo que, por surgir agora, quando as competições internas estão paradas, não tem efeitos práticos por não ter quaisquer implicações desportivas. 

Ou seja: Jorge Jesus vai cumprir castigo (se não recorrer dele, obviamente) como se de férias estivesse, porque na próxima jornada, em Coimbra, ele vai sentar-se no banco e dirigir a sua equipa como se nada tivesse acontecido.

Não produzindo qualquer efeito concreto, o “castigo” é inócuo, não pune, nem serve, na prática, de dissuasor de eventuais reincidências por parte do “castigado”.

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