A direção da Académica vai apresentar uma proposta à Câmara
Municipal para requalificar o estádio Efapel Cidade de Coimbra. A principal alteração
prevista é a remoção da pista de atletismo, com a
respetiva aproximação das bancadas ao terreno de jogo.
O estádio Efapel Cidade de Coimbra foi construído para o
Euro 2004. A candidatura portuguesa para acolher a fase final da competição propunha
dez estádios, uns construídos de raiz, outros com renovações mais ou menos profundas.
Na altura levantaram-se vozes que condenaram a megalomania de Portugal: havia quem considerasse que oito e mesmo seis estádio seriam suficientes
para receber os 32 jogos previstos. Mas não: foram mesmo dez as mega obras que
se realizaram, já num contexto de abrandamento económico, mesmo se longe ainda
da crise que começou a fustigar o País a partir de 2008.
É publicamente reconhecido – hoje – que os dez estádios
foram um exagero. Só os estádios D. Afonso Henriques (Guimarães), Axa (Braga), Dragão
(Porto) e José Alvalade e Luz (Lisboa) têm uma capacidade que justifique o
número de espetadores. O Estádio do Bessa é demasiado grande para acolher os
espetadores de um Boavista que milita no Campeonato Nacional de Seniores; com o
Municipal de Leiria, palco dos jogos da Un. Leiria,
acontece a mesma coisa, embora, neste caso, haja um aproveitamento do espaço para competições de
atletismo de alguma relevância internacional. Aveiro e Faro / Loulé são
autênticos elefantes brancos e há quem defenda a respetiva demolição, de tal
forma são incomportáveis os custos de manutenção.
No caso do Efapel Cidade de Coimbra, é, ele também,
demasiado grande para a Académica, única equipa que o utiliza. A pista de
atletismo atingiu um estado de deterioração que nem homologada está pela
Federeção e é apenas utilizada esporadicamente, para treinos. Em resumo: um
desperdício.
É legítimo que a direção da Académica queira aproximar o público
da equipa e retirar do estádio uma pista de atletismo completamente inútil. O
que custa é que não sejam responsabilizadas as entidades – e as pessoas que as
dirigiam – que tomaram a decisão de a construir. Quanto custou e continua a
custar esta decisão ao erário público? A má gestão de dinheiros públicos
deveria ser punida. A gestão danosa é crime, mas Portugal continua a ser um
país de brandos costumes.