sábado, 31 de agosto de 2013

Promessa

Lembrei-me daquele jogador apontado como “um dos melhores do mundo e quiçá da Europa” ao saber que Franck Ribéry tinha sido eleito melhor jogador da Europa na época passada. O jogador francês recebeu 36 votos, dos 53 possíveis, numa votação reservada a jornalistas. Lionel Messi, teve 14 votos e o “nosso” Cristiano Ronaldo, três, apenas. Ribéry ganhar o título de melhor futebolista a jogar na Europa é quase a mesma coisa que o Carapinheirense ganhar a I Liga. O quê, o Carapinheirense não está na I Liga? Não faz mal, o Ribéry também não é o melhor jogador da Europa!

É verdade que Ribéry teve uma época de sonho: foi campeão europeu, da Alemanha e venceu a taça germânica. Daí a ser o melhor da Europa…

Penso que cada vez há menos dúvidas relativamente a uma coisa: Lionel Messi é de outro planeta. O argentino deixa a concorrência a milhas e só o patriotismo de alguns portugueses coloca Cristiano Ronaldo no mesmo patamar. Que o português tenha recebido apenas três (!) votos é uma grande lição de humildade para todos. Se bem que estas coisas não sejam de levar muito a sério. Porque a sério, a sério, quem é que realmente pensa que Frank Ribéry foi o melhor em 2012/13?

No ano em que Ribery for melhor do que Messi, o Blogue dos Trinta Metros patrocina as camisolas do Carapinheirense. Está prometido!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Verdade Desportiva

À 4ª Jornada, o Benfica B ganhou pela primeira vez, no campeonato da II Liga. Foi ontem, em casa, frente ao Portimonense. No final do jogo, o treinador dos algarvios queixou-se da injustiça que permite aos clubes “B” utilizarem jogadores do respectivo plantel principal. Tem toda a razão Lázaro Oliveira, como já aqui o escrevemos. E aqui E aqui também. No jogo de ontem, por exemplo, André Gomes, Jardel, Melgarejo e Steven Vitória, que pertencem ao plantel principal dos encarnados, ajudaram o “B” a vencer. 

Diz Lázaro Oliveira, citado no Record, que “o Benfica pode apresentar um onze diferente todas as semanas”, vantagem que as outras equipas, como o Portimonense, não têm. Poderia pensar-se que era apenas o desabafo de alguém que acaba de perder um jogo, mas os números confirmam as palavras do treinador: na edição do ano passado, as equipas B utilizaram muito mais jogadores do que as outras. Benfica (42 jogadores utilizados), Braga (42), F.C. Porto (30), Marítimo (43), Sporting (44) e Vit. Guimarães (41), dispuseram de mais opções do que os adversários. Entre as equipas “não-B”, o Feirense foi aquela que utilizou mais jogadores (32) e o Santa Clara a que utilizou menos (24, apenas).

Ainda bem que Lázaro Oliveira tem a coragem para denunciar esta situação. Trata-se de um treinador respeitado, com currículo. Seria bom que não deixasse morrer o assunto, sob pena de pensar-se que a sua opinião foi ditada apenas por um resultado negativo. Espero que os dirigentes do Portimonense apoiem as declarações do treinador e que haja outras vozes que se levantem contra um campeonato que é de facto injusto.

Enquanto blogue, aqui estaremos para continuar também a emitir opiniões que são as de um “simples adepto” de Futebol, de Verdade Desportiva e, afinal, de Justiça.

sábado, 24 de agosto de 2013

Transparência e seriedade

Na segunda jornada da Liga, que começa hoje, três jogadores, expulsos na ronda inaugural, não vão poder jogar: Pawel Kieszek (Vit. Setúbal), Mladen (Olhanense) e Dramen (Gil Vicente) viram o cartão vermelho na primeira jornada e foram castigados com um jogo de suspensão. Sem querer discutir a justiça das expulsões, questiono os castigos aplicados.

Vejamos um caso concreto: Dramen foi expulso por acumulação de cartões amarelos. Por duas vezes tentou impedir a marcação de faltas pelo adversário; Pawel Kieszek foi expulso com vermelho direto por ter agredido à cabeçada um jogador adversário. Ambas as situações foram bem avaliadas pelos árbitros, que fizeram o que tinham de fazer e os regulamentos determinam.

Agora, pergunto: como podem os jogadores ter castigo idêntico? Dois amarelos que não resultam de qualquer falta grave “valem” o mesmo que uma agressão à cabeçada? Afinal, a violência compensa?

Na minha opinião, qualquer expulsão por conduta violenta deveria ser punida, sempre, com pelo menos dois jogos de castigo; uma expulsão por agressão deveria valer, pelo menos, três jogos. Seria um sinal claro, por parte de quem “manda”, que se quer, de facto, erradicar  comportamentos violentos dos campos de futebol.

Fala-se muito dos árbitros e da sua influência nos resultados dos jogos. Eu penso que quando todos, no Futebol, forem tão honestos como os árbitros e os jogadores, haverá mais transparência e credibilidade. 

Não há seriedade no caso que apontei agora, como não houve no caso, também aqui comentado, de Rui Patrício, embora aqui tenha mais a ver com a forma como o castigo foi cumprido do que com o castigo em si. É absolutamente absurdo que a pena ao guarda-redes do Sporting tenha sido, na realidade, apenas e só uma multa de 39 euros.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Questão de perspetiva

Com a colaboração do ex-árbitro internacional Joaquim Campos, um dos melhores de sempre em Portugal, ao nível de António Garrido, Vítor Pereira ou Pedro Proença, entre outros, o Record publica semanalmente uma análise ao desempenho dos árbitros em jogos da I Liga.

Na edição de hoje, o jornal analisa a jornada inaugural do campeonato e soma as notas atribuídas aos árbitros pelo Record, A Bola, Correio da Manhã e Rádio Renascença. Estabelece assim uma classificação segundo a qual Pedro Proença teve o melhor desempenho (no Gil Vicente – Académica) e Olegário Benquerença o pior (no Vit. Guimarães – Olhanense).

Para justificar a pior classificação de Benquerença, há esta pérola: “(…) este internacional até realizou um bom trabalho em Guimarães. Ficaram apenas dúvidas no lance em que o Olhanense pediu grande penalidade. Ficou no ar a questão da intenção de jogar a bola com o braço por parte de Moreno. E o leiriense [Olegário Benquerença] parece ter sido prejudicado pela sua decisão”.

É uma forma de ver as coisas. Pela minha parte, se o árbitro não marcou um penalti que existiu, o prejudicado foi o Olhanense. Ou não?

domingo, 18 de agosto de 2013

Bullshit

O Sporting vai começar daqui a pouco o seu jogo inaugural do campeonato e, na sua baliza, prevê-se que esteja o melhor guarda-redes português da atualidade. Aquilo que para o comum dos adeptos deveria ser uma boa notícia é afinal mais um exemplo da chico-espertice portuguesa a que o Futebol não consegue fugir.

Rui Patrício foi expulso há dias, no último jogo “a feijões” que o Sporting fez antes do início da época oficial. A princípio pensou-se que o guarda-redes seria castigado por um jogo e, por isso, falharia a estreia da equipa no Campeonato 2013/14. Puro engano. Apesar de castigado, Rui Patrício vai poder atuar porque se considera ter cumprido castigo no jogo que a equipa B fez com o Beira-Mar, na sexta-feira.

Ou seja, o castigo de Rui Patrício foi uma treta. Bullshitt. O guarda-redes não disputou, em toda a sua carreira, um único jogo pela equipa B. Duvido que tenha alguma vez treinado com essa formação e, de todo, não era previsível que o viesse a fazer, nem na sexta-feira nem num futuro próximo. Ou seja: o Sporting aproveitou-se de alguma falha regulamentar para fazer cumprir o castigo de maneira a não ser prejudicado por ele. E, se isso não implica qualquer entrave legal ou jurídico, já não se pode dizer o mesmo sobre a moralidade da coisa… É que, além do mais, isso representa uma vantagem competitiva dos clubes que têm equipas B relativamente a quem não as tem.

A chico-espertice sportinguista não é, todavia, a única dos últimos dias. O Paços de Ferreira, contornou os regulamentos da Liga que impõem que apenas os treinadores de quarto nível possam, oficialmente, dar conferências de Imprensa. Como o treinador dos “Castores” não tem aquele nível, o facto foi ultrapassado pelo treinador adjunto (este sim, detentor do “canudo”) que apareceu aos jornalistas e dizer que delegava em Costinha a responsabilidade do contacto com a Imprensa.

Habilidades…

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Responsabilidade dos dirigentes desportivos

As equipas da II Liga disputaram no fim-de-semana a primeira jornada de um longo campeonato. Ao todo, serão 42 jornadas, tal como no ano passado, de uma competição disputada por 22 equipas. Estamos em agosto e o campeonato terminará em maio, mas já se ouvem os primeiros gritos de alerta.

No final do jogo que a sua equipa disputou em Matosinhos, o líder da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) do Feirense, mostrou-se preocupado com as dificuldades financeiras e afirmou aos jornalistas que “precisamos de ajuda e não a temos de quase ninguém. Não há verba para comprar jogadores com maior calibre. É preciso que todos se unam e pensem o que querem para o Feirense, pois não aguentamos muito mais tempo”.

As declarações do responsável feirense são alarmantes. Aquele “não aguentamos muito mais tempo”, quando a procissão está ainda a sair da igreja, não augura nada de bom para o que aí vem. Se é assim agora, o que será dentro de três ou quatro meses?

No ano passado, neste mesmo campeonato da II Liga, a Naval foi condenada à perda de 12 pontos por dívidas a antigos jogadores e houve rescisões de contrato em várias equipas por salários em atraso. A formação da Figueira da Foz não conseguiu mesmo inscrever-se nas competições profissionais por não reunir os pressupostos financeiros exigidos pela Liga.

O que vai acontecer este ano? Aos dirigentes desportivos pede-se que sejam mais do que sejam simples adeptos, exige-se que tenham competências na área da gestão – desportiva e empresarial – para evitar que os clubes que dirigem caiam em loucuras que, infelizmente, ainda se vêem muito por aí. Haver dirigentes que, logo no início da época, já andam com o “credo na boca” é arrepiante e leva-me a pensar que os dirigentes devem ser responsabilizados pessoal e particularmente pelos compromissos que assumem enquanto porta-vozes dos clubes.

Como quem “o” tem, tem medo, quando isso acontecer, dar-se-á um passo decisivo para a transparência e para a credibilidade de todo o futebol.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A improbabilidade matemática

Gosto da expressão “vale o que vale”. Qualquer coisa vale o que vale. Qualquer coisa pode ser avaliada em mais do que aquilo que vale, mas “vale o que vale”. Tudo vale o que vale. As opiniões, por exemplo, valem o que valem, independentemente de quem as emite. A opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, confiada a Judite de Sousa, vale o que vale. A opinião de José Sócrates, também vale o que vale. Como a de Marques Mendes, que também vale o que vale. Todas elas valem o que valem, podem é ser vistas (ou ouvidas) com mais ou menos crédito. Como as sondagens, também por exemplo.

Gosto de ler os resultados de sondagens, quando feitas por casas que merecem crédito. Não gosto de “consultas”, apresentadas sob a forma de sondagens, feitas por programas de televisão ou jornais através de linhas telefónicas de valor acrescentado. Essas não são consultas nem nem sondagens, apenas um negócio que, à imagem de outros, já teve, acredito, dias melhores.

O Record, jornal desportivo que compro habitualmente, tem dois espaços cotidianos em que apresenta resultados percentuais a perguntas que dirige aos leitores. No espaço “Opinião pública”, normalmente publicado na página dois, os leitores são convidados a votar na página de internet do jornal. Normalmente, vejo os resultados, por uma questão de curiosidade, mas não lhes atribuo qualquer crédito. No espaço Televoto, normalmente publicado na antepenúltima página, os leitores são convidados a votar, coisa que podem fazer a troco 0,60 Euro por chamada (mais IVA, calculado à taxa legal de 23 por cento). E pode-se votar quantas vezes quisermos, se possível muitas, dirão os acionistas da Cofina, proprietária do Record. Normalmente também vejo estes resultados, mais ainda lhes atribuo menos crédito do que à consulta on-line.

Vejamos, de dias recentes, resultados publicados pelo Record e que me intrigam. Sexta-feira passada, o jornal publicava que à pergunta “Slimani é uma boa aposta para o ataque do Sporting?”, houve 100 por cento de respostas “Sim” e zero por cento de respostas “Não”. No dia seguinte, ficou a saber-se que à pergunta “O Benfica fez bem em reintegrar Cardozo?”, houve 100 por cento de respostas “Sim” e zero por cento de respostas “Não”. No domingo, o resultado repetiu-se, sem qualquer alteração, tal como aliás aconteceu na segunda-feira.

Ora, sendo uma possibilidade matemática, é altamente improvável que durante três dias, numa sondagem de opinião “séria” ninguém tenha querido utilizar o número de valor acrescentado que o Record pôs a disposição de todos para “dizer” que não queria ter Óscar Cardozo no Benfica. Ou que, antes disso, tenha aproveitado para “dizer” que o Sporting tinha metido o pé na argola ao contratar Slimani. O que coloca em causa, naturalmente, a seriedade do jornal.

Das duas, três: ou o Record adultera a votação dos seus leitores, coisa em que, sinceramente eu não acredito, ou o número de votantes-pagantes é de tal forma diminuto e tão pouco representativo que não vale a pena o jornal estar a apresentar aqueles resultados. A terceira possibilidade é que a alta improbabilidade matemática se tenha tornado realidade. E logo por duas vezes!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Que se passa com Óscar Cardozo?

A situação protagonizada pelo Benfica e pelo seu jogador Óscar Cardozo ultrapassa o meu entendimento. A ser verdade o que a imprensa tem veiculado, a transferência do jogador para o Fenerbahce está a ser negociada por 15 milões de euros mas, apesar dessa verba ser apenas um quarto do valor da cláusula de rescisão (é verdade, o paraguaio tem uma cláusula de rescisão de 60 milhões!), entre avanços e recuos de parte e outra, o negócio ainda não se concretizou.

Além da morosidade da negociação, causa estranheza o facto de o jogador estar impedido de se treinar com os seus companheiros de clube e de profissão. Tal como já aqui escrevi a propósito do sportinguista Zakaria Kabyad, penso que o Benfica só perde por não manter o jogador em atividade. Acima de tudo porque, não se “mostrando”, o atleta perde valor de mercado. Ora o Benfica e o seu presidente, Luís Filipe Vieira, habituaram os adeptos do clube a fazerem bons negócios, tal como aconteceu com as vendas de Javi García, Fábio Coentrão e David Luiz, entre outros. Em face do que se impõe a pergunta: será que o Benfica não quer vender o jogador?

Mas há outra coisa surpreendente em todo este processo. É sabido que Óscar Cardozo, que nos últimos anos foi o goleador-mor do Benfica, entrou em rota de colisão com Jorge Jesus – física e literalmente. Os acontecimentos remontam a 26 de maio, após o jogo da final da Taça de Portugal. Ao jogador paraguaio foi instaurado um processo disciplinar. Quase dois meses e meio depois, desconhecem-se ainda os resultados desse processo. Num clube de topo, com um tão elevado grau de profissionalismo como é – ou, pelo menos, deveria ser – o caso do Benfica, isso é absolutamente incompreensível.

O vaso

Às flores que ainda há dias aqui mandei a Bruno de Carvalho, segue-se, agora, o vaso. O presidente do Sporting tem tentado por ordem numa casa que ameaça(va) ruir e os adeptos do clube encaram com otimismo o início “a doer” da época futebolística. A forma como o clube resiste ao mercado no caso Rui Patrício é digno de elogio e mereceu as flores. A decisão do presidente afastar Labyad da equipa, por este ter supostamente um salário demasiado elevado, merece-lhe agora o vaso.

Que Bruno de Carvalho queira sentar-se no banco de suplentes, ainda vá-que-vá. É um direito de que lhe assiste e de que outros (presidentes de clubes) também fazem ou já fizeram uso. Há muito que não se via isso entre os clubes maiores, mas não é inédito. Não podemos é concordar que o presidente passe por cima do treinador – que ele próprio escolheu – para definir listas de convocados. Isso é, de todo, inaceitável.

Ao que a imprensa desportiva conta, Bruno de Carvalho afastou Zakaria Labyad dos jogadores convocados por Leonardo Jardim para o Torneio do Guadiana. Presume-se que o treinador tinha convocado o jogador porque contava com ele, porque o julgava útil para a equipa. Ou seja: a iniciativa presidencial de afastar o atleta enfraquece a equipa e diminui-lhe a capacidade competitiva, penalizando-a desportivamente.

Se, do ponto de vista exclusivamente desportivo, a decisão de Bruno de Carvalho é criticável, também me parece discutível do ponto de vista negocial. Labyad não vai jogar, não vai “mostrar-se” a potenciais interessados na sua compra, não vai, portanto, valorizar-se. O presidente sportinguista está a fazer com o jogador a mesma coisa que o Benfica está a fazer com Cardozo (e este caso merecerá um outro post da nossa parte), mas sinceramente duvido que obtenham, um e outro, algum benefício com esta postura.

Há ainda um outro fator que considero importante referir: a ingerência do presidente em assuntos de caráter técnico não augura nada de bom para Leonardo Jardim. A posição do treinador sai claramente fragilizada, porque, daqui para a frente poderemos sempre perguntar de quem é a responsabilidade pela convocatória dos jogadores. E, se quisermos ir mais longe – é apenas um pequeno passo – também podemos perguntar quem monta a tática e faz as substituições.

Pena de morte

Sérgio Ribeiro, ciclista da Louletano, foi suspenso por 12 anos pelo Conselho de Disciplina da Federação da modalidade, por alegadas irregularidades no passaporte biológico. O castigo é pesado porque Sérgio Ribeiro é reincidente: já em 2007, na altura quando corria pelo Benfica, tinha sido despedido pela equipa e suspenso por dois anos por ter acusado um produto dopante. Para um ciclista com 32 anos de idade, como é o caso, a pena de agora equivale a uma condenação à morte (desportiva, entenda-se).

Já aqui escrevi, por mais do que uma vez, e ainda recentemente o fiz novamente, o que penso relativamente aos regulamentos anti doping. Contrariamente ao que diz, no Record de hoje, o diretor da Volta a Portugal, Joaquim Gomes, que afirma que “a suspensão de Sérgio Ribeiro (…) quer dizer que o sistema anti doping funciona”, penso que a condenação do atleta prova precisamente o contrário: a total e absoluta ineficácia dos programas antidopagem. Aliás, também na edição de hoje do Record, mas numa página diferente, é destacada uma frase do ex-ciclista Erik Zabel: “para viver o meu sonho dopei-me durante ano”. E nunca foi apanhado.

Falando apenas e só do Ciclismo e correndo o risco de generalizar: hoje mais do que nunca, não se pode dizer que o pelotão esteja dividido entre aqueles que tomam produtos proibidos e aqueles que não o fazem. Talvez se possa dizer com mais propriedade que por um lado há os que são apanhados, e duramente castigados, como acontece agora com Sérgio Ribeiro; por outro lado, os que não são apanhados. 

Seria bom que a Sociedade entendesse esta análise e deixasse de exigir aos ciclistas que pedalem mais depressa, subam montanhas mais inclinadas, se levantem e subam para a bicicleta após uma queda e continuem a pedalar em direção à meta. Seria bom as autoridades anti dopagem despenalizassem o doping e investissem um pouco mais na informação e na sensibilização – de todos os agentes, começando pelos ciclistas e patrocinadores até aos simples espetadores – de que mais vale fazer médias mais baixas e andar “limpinho” do que bater recordes e andar intoxicado.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O deserto e o oásis

Não sei – alguém sabe? – se o Sporting tem capacidade, financeira e desportiva, para manter nas suas fileiras um jogador como Rui Patrício, a jóia da coroa sportinguista, mas parece-me acertada a vontade expressa do presidente leonino querer segurar o seu guarda-redes. Para o comum dos adeptos e simpatizantes do clube de Alvalade, o jogador é uma das poucas referências que restam na equipa, um dos poucos nomes capazes de atrair espetadores ao estádio, um dos poucos a poder transmitir a mística leonina (seja lá o que isso for) ao restante plantel, um dos poucos a não deixar os jovens sócios indiferentes.

Penso que a maior parte dos sócios e simpatizantes adopta as cores de determinado clube influenciado por aquilo que a equipa – no seu todo – faz e por o que fazem as suas maiores individualidades. No caso do Sporting, quantas pessoas não passaram a gostar do clube pelas vitórias de Alfredo Trindade no Ciclismo? Quantos sócios não valeu cada um dos Cinco Violinos? Que peso tiveram, Carvalho, Joaquim Agostinho (este também no Ciclismo, obviamente), Damas, Manuel Fernandes e Jordão? E, depois deles, Jardel, Acosta, João Pinto? Colocar a(s) pergunta(s), é responder-lhe(s). Ter uma equipa ganhadora ajuda, mas, mais do que isso, a identificação que podemos criar com determinada figura é que nos faz simpatizar com este ou aquele clube.

No Sporting, acredito que principalmente por razões económicas e financeiras, não tem sido possível manter por muitos anos jogadores que se afirmem com um mínimo de qualidade – essa também é imprescindível – e que se tornem símbolos do clube. João Moutinho foi-o durante algum tempo, mas depois da sua saída, ficou o deserto, com apenas um oásis: Rui Patrício.

Mesmo não sendo eu sportinguista, tenho poucas dúvidas relativamente a uma coisa: muito do futuro do Sporting, clube tão ameaçado nos últimos tempos, joga-se com Rui Patrício. Se sair por um valor condizente com o seu estatuto de titular da Seleção de Portugal, o Sporting faz um bom negócio e alivia a tensão da corda que lhe aperta a garganta. Se não conseguir esse negócio, deve manter o jogador por tudo quanto ele representa em termos de valor desportivo e (chamemos-lhe) cultural para o clube. 

Por isso, Bruno de Carvalho faz bem em resistir às ofertas, muito baixas, para vender ao desbarato o seu melhor ativo.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Esperar sentado

Gosto de Desporto. De Futebol em primeiro lugar, mas há um conjunto de outras modalidades de que também gosto muito, apesar de não as seguir de perto. Não sabia, por exemplo, que vai disputar-se em Portugal, em Matosinhos, para ser mais preciso, o Europeu Sub 15 de Basquetebol Feminino (Divisão B). Fiquei a sabê-lo hoje, casualmente, porque tive de ir a um hotel onde estão hospedadas algumas das 17 seleções participantes.

Todos os dias compro um jornal desportivo. Mais do que a qualidade do jornal, é o hábito que me faz optar, normalmente, pelo Record. De vez em quando, compro A Bola, raramente o Jogo. Até hoje, a disputa em território português do Europeu de Basquetebol passou completamente despercebida na imprensa dita “desportiva”. No Record, pelo menos, nem uma linha.

Pobre País que não divulga o facto de receber uma competição como o Campeonato Europeu. Não importa de que categoria. Mais pobre ainda, a imprensa “especializada” que silencia o evento, como se ele fosse clandestino.

Amanhã, teremos, como habitualmente, páginas e páginas sobre as contratações – reais e eventuais – dos clubes de Futebol. Vou procurar bem,e espero encontrar alguma coisa sobre Basquetebol. Mas vou esperar sentado.