terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Os melhores portugueses de 2013


Será fácil eleger o ciclista Rui Costa e o futebolista Cristiano Ronaldo como desportistas portugueses do ano. Escolher apenas um de entre eles é que será mais complicado…

Da mesma maneira que já aqui assumi por diversas vezes não ser um admirador entusiasta de Cristiano Ronaldo, será da mais elementar justiça pensar no madeirense como o melhor futebolista do Mundo em 2013. Os mais críticos poderão dizer que o internacional português beneficiou da prolongada lesão de Lionel Messi, seu arqui-rival na liga espanhola e em todo o mundo. Sinceramente, acho que devemos dar mais crédito ao CR7. Marcou 67 golos ao longo do ano e, sobretudo, demarcou-se ao serviço da Seleção de Portugal, uma pecha que muita gente lhe apontou durante muito tempo. Quanto a Messi, o português não tem culpa do infortúnio do argentino e Ribéry, francamente, não é deste campeonato.

No ciclismo, Rui Costa fez muito mais do que dar pretexto a piadas de mau gosto de presidentes de clube sobre o seu homónimo benfiquista. O português venceu duas etapas da Volta a França, coisa que, antes disso, apenas Joaquim Agostinho tinha conseguido. O malogrado ciclista vê agora ser-lhe disputado o título de melhor português de sempre porque, além das duas vitórias no Tour, Rui Costa sagrou-se também Campeão Mundial de estrada, um feito absolutamente inédito.

Os desempenho de Cristiano Ronaldo e de Rui Costa aumentam as nossas expetativas para 2014. Se do futebolista não se espera outra coisa que não seja que carregue às costas a Seleção de Portugal no Mundial do Brasil e a conduza o mais longe possível, do ciclista dificilmente se poderá esperar mais do que ele já mostrou. Pela nossa parte ficaríamos muito satisfeitos se ele pudesse “apenas” repetir o que já fez.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Exemplo de dedicação

Os mais velhos do que eu lembrarão Maló como o grande guarda-redes da Académica. Outros, ainda mais velhos, falarão de Capela. Ramin, Brassard ou Melo são outros nomes que poderiam vir à baila quando se fala de grandes nomes que defenderam a baliza da Briosa. Nos tempos mais recentes foi Pedro Roma quem imperou entre os postes. O guarda-redes com mais jogos disputados pela equipa de Coimbra esteve ligado a bons momentos – como subidas de divisão – a outros menos bons, com duas descidas à Liga da Honra. Pelo meio ficaram centenas de defesas, muitos pontos ganhos, alguns frangos. É inevitável. Mas, para mim, Pedro Roma é a maior referência da história recente da Académica.

Hoje,o zerozero.pt apresenta uma entrevista com o antigo guarda-redes, que salienta que "a minha maior defesa foi terminar a licenciatura como jogador da Académica". Pedro Roma explica que sentiu a responsabilidade de incutir nos mais novos o significado de "ser da Académica".

No Futebol de hoje, poucos são os jogadores que, como Pedro Roma, passam (quase) toda a carreira no mesmo clube. Há uma dedicação e uma lealdade ao clube do coração que se perderam e de que Pedro Roma é um dos últimos exemplos. Como Hélio também o é, relativamente ao Vit. Setúbal, por exemplo.

O regresso de Nuno Piloto à Académica, assinalou-se aqui pela importância de que pode revestir-se não apenas do ponto de vista desportivo e competitivo mas também, e sobretudo, do ponto de vista da missão de transmitir às novas gerações a mística académica. A entrevista de Pedro Roma ao zerozero.pt permite-nos reforçar a importância que damos a esta questão.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Hoje não é a feijões

A equipa do F.C. Porto que dentro de umas horas entrará no estádio José Alvalade para defrontar o Sporting, será muito diferente daquela que apresentou da primeira vez que, para a Taça da Liga, ambos os clubes se defrontaram (vitória dos Leões, por 4-1).

A 4 de fevereiro de 2009, Jesualdo Ferreira, então técnico dos portistas, formou um onze com Nuno; Sapunaru (Diogo Viana), Stepanov, Pedro Emanuel e Benítez; Andrés Madrid (Ivo Pinto), Tomás Costa e Guarín; Mariano González, Farías e Tarik Sktioui (Josué). No banco de suplentes, sem terem sido utilizados, sentaram-se Ventura, Ricardo Dias, Sérgio Oliveira e Rabiola. Não há dúvidas: era uma equipa de segundas linhas: dos habituais titulares, só jogaram Mariano González e Tomás Costa. Diogo Viana, Ivo Pinto, Josué, Ricardo Dias e Sérgio Oliveira nem seriam utilizados nas trinta jornadas de um campeonato que consagrou o F.C. Porto como vencedor.

Os azuis e brancos nunca esconderam que a Taça da Liga era uma competição menor e tiveram, na forma como abordaram esse jogo, uma demonstração clara do desinteresse com que a encaram. 

Hoje, parece-me, será diferente e o jogo não será “a feijões”. A equipa precisa de vitórias e, apesar de os responsáveis portistas continuarem a desvalorizar a competição, “cheira-me” que, sobre o relvado, os jogadores vão jogar para ganhar. 

No banco, Paulo Fonseca também vai querer vencer. A questão é saber se o jovem treinador aguenta” mais um desaire. A sombra de André Villas-Boas começa a pairar sobre o Dragão e apesar de o técnico, que recentemente abandonou o Tottenham, ter dito que só voltaria a trabalhar na próxima época, a pressão sobre Pinto da Costa poderá levar o carismático presidente portista a devolver, antes disso, a cadeira de sonho a um treinador que, está visto, tem um coração de uma única cor: azul e branco.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Força aí, Perivaldo!

Perivaldo vai passar o Natal em Fortaleza, com a família. O ex-craque da selecção brasileira de Futebol, onde jogou com Zico, Sócrates ou Falcão, regressou há dias ao seu país depois de alguns anos a vaguear, sem abrigo e sem-abrigo, pelas ruas de Lisboa.

O jogador brasileiro chegou a Portugal em 1989. Os melhores anos da sua carreira já tinham acontecido, mas veio “fazer uma perninha” no Olhanense. Depois foi o alcoolismo e a marginalidade.

“Ninguém acreditou em mim, quando dizia que tinha sido jogador da selecção brasileira”. Foi descoberto por acaso, num dos apanhados de Nilton para o 5 Para a Meia-Noite. Posteriormente foi alvo de uma reportagem transmitida no Brasil, que o apresentava a viver na rua e a vender roupa velha na Feira da Ladra. O presidente do sindicato de futebolistas do Rio de Janeiro interessou-se pelo caso de Perivaldo, reuniu apoios e veio agora resgatá-lo.

Na hora da partida, Perivaldo disse que “nunca comsumi drogas nem fumei. Convivi com ladrões a assassinos que nunca me roubaram nem maltrataram. Fui enganado por aqueles que julguei serem os meus amigos”.

O 30 Metros deseja que Perivaldo encontre agora os amigos, verdadeiros, que lhe faltaram antes. Força aí, Perivaldo!

domingo, 8 de dezembro de 2013

O ridículo não mata

O ridículo não mata e a prova é o treinador do Benfica B, Hélder Cristóvão. Já aqui, ainda ontem, nos referíamos a ele e ao absurdo de ter qualificado de potência ofensiva uma equipa que marcou menos de metade dos golos do que a sua própria equipa tinha marcado.

Pois bem, Hélder Cristóvão voltou a “atacar”. No final do jogo com o Sp. Farense, que os algarvios venceram por 3-1, o treinador encarnado queixou-se da equipa de arbitragem e teve esta frase lapidar: “exigimos tratamento igual aos demais”.

Ora quem pode exigir isso são precisamente os demais, porque as equipas B, todas as equipas B, entre elas, obviamente, aquela que é treinada por Hélder Cristóvão, foram colocadas à força, na II Liga, sem que isso tenha resultado de qualquer mérito próprio.

Já aqui dissemos, por várias vezes, o quanto julgamos injusto e “indesportivo” o tratamento privilegiado que é dado às equipas B. Mais um exemplo: a equipa de que Hélder Cristóvão é treinador já utilizou, em 19 desafios disputados para o campeonato, mais dez jogadores do que o seu adversário de ontem. Entre os jogadores que utilizou estão: André Gomes, Steven Vitória, Jardel, Urreta, Funes Mori, Jan Oblak, Melgarejo e André Almeida, que fazem, normalmente, parte do plantel principal. Ou seja: as equipas B podem indiscriminadamente, utilizar os jogadores que entenderem, por entre um leque de 70 ou 80 – o plantel da categoria, o principal e a formação.
Por isso, Hélder Cristóvão só se ridiculariza com declarações como aquelas que prestou nos últimos dias. Mais valia seguir o exemplo de Cavaco Silva e calar-se. Era outra dádiva de Deus, se é que ele existe.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Sentido do ridículo

O Futebol é, desde há muito, um “terreno” onde muita gente diz o que quer e outros tantos lhe dão ouvidos. A Imprensa, sobretudo a desportiva, dá ouvidos e, pior do que isso, serve de veículo transmissor a toda uma série de declarações sem tomar o cuidado elementar de saber se elas correspondem à realidade.

Ainda há dias aqui trouxemos o caso de António Carraça, entrevistado pelo Record sem que o jornalista tivesse o discernimento – ou a coragem? – para o confrontar com declarações absolutamente contraditórias que o ex-diretor do Departamento de Futebol Profissional do Benfica acabara de lhe fazer e que o jornalista transcreveu para os seus leitores. Enquanto cidadão e consumidor de jornais, considero que o jornalista não cumpriu a sua obrigação de informar o leitor.

No mesmo jornal, na edição de hoje, o treinador do Benfica B, Hélder Cristóvão, refere-se ao Sp. Farense, seu adversário desta tarde, realçando o seu poderio ofensivo. Tive a curiosidade de ir ver os números: a equipa encarnada marcou 39 golos em 18 jogos, média superior a dois, por jogo. O Sp. Farense nem metade marcou (apenas 19).

Provavelmente, nem Hélder Cristóvão, que respeito pela sua carreira de jogador, nem o jornalista (Valter Marques, neste caso) terão o sentido do ridículo? Ao jornalista, incumbia recordar ao treinador a realidade dos números, em vez de transcrever as suas declarações como se fossem uma verdade insofismável. O leitor mais incauto é enganado e fica com a sensação de que os algarvios são uma temível máquina de marcar golos…

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Madiba

Que dizer quando uma palavra – a do título – diz tudo e todas as palavra do Mundo não bastam?

Confesso que me faltam palavras para escrever sobre Nelson Mandela. Muitos o farão melhor do que eu. Outros, como eu, ficam, respeitosamente, em silêncio.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Limpar as mãos à parede

Nos últimos dias, mais atarefado, fiquei com disponibilidade limitada para fazer uma das coisas que mais gosto: ler jornais. Continuei a comprá-los e estou agora “a por a leitura em dia”. Só agora pude ler os jornais do passado fim de semana e surpreendeu-me que o Record tenha dedicado um oitavo (cinco-páginas-cinco) da sua edição de sábado a uma entrevista com o antigo Diretor do Departamento de Futebol Profissional do Benfica, António Carraça.

Ao longo dos anos que compro o Record tenho raramente tido a oportunidade para ler trabalhos tão extensos como este. Li-o com curiosidade até me deparar com uma declaração “octaviana”. A partir daí perdi o interesse.

Vamos à transcrição:

“António Carraça – Sou frontal e direto sempre que tenho de tomar uma posição e digo sempre o que penso, cara a cara, olhos nos olhos. Ao contrário de algumas figuras decorativas, “papagaios” pequeninos, feios e vulgares, de interesses duvidosos e que vagueiam no universo Benfica de forma sorrateira e interesseira, aproveitando todas as oportunidades para aparecerem na fotografia e na televisão. E que, cobarde e intelectualmente mentirosos, desrespeitaram o meu trabalho e o do meu grupo e de forma maldosa teceram comentários acintosos e de falta de solidariedade institucional.
Pergunta – Quem são os papagaios?
António Carraça – Todos os que estão atentos ao que se passa no clube sabem a quem me refiro”.

Octávio Machado não teria dito melhor. Mas para quem é frontal e direto e que diz o que pensa, cara a cara e olhos nos olhos, bem pode limpar as mãos à parede…