Ontem e hoje, duas notícias veiculadas pela imprensa
prenderam a minha atenção. A primeira tinha a ver com o facto de a nomeação do
árbitro Hugo Pacheco ter sido vista pelos minhotos “como uma provocação”. Um
antigo vice-presidente do clube escreveu mesmo na sua página no Facebook que se
tratava de “uma miserável provocação que não pode ficar sem resposta”.
Tentei saber porquê.
A razão é, para mim, surpreendente: trata-se do mesmo
árbitro que esteve no polémico jogo Vit. Guimarães B – Sp. Braga B que terminou
extemporaneamente, com apenas oito minutos disputados, devido a uma violenta
batalha entre as claques dos dois clubes. Ainda se desconhecem as consequências desportivas da
suspensão do jogo. Aquilo que já se sabe é que o Vit. Guimarães foi castigado com
uma pena que o obriga a disputar um jogo à porta fechada, o que ainda não aconteceu
porque a direção vimaranense interpôs recurso daquela decisão.
De qualquer forma, no seguimento do jogo da equipa principal
com o Benfica, durante o qual adeptos do clube da casa lançaram petardos para o
relvado, o Vit. Guimarães foi punido com mais um jogo à porta fechada.
Simultaneamente, alguém fez contas e chegou à conclusão que o mau comportamento
dos adeptos – alguns adeptos, naturalmente – do Vit. Guimarães levou à
imposição de multas que ascendem a cerca de 75.000 euro.
Ou seja: não contemos com os vimaranenses para darem lições de
desportivismo, civismo ou simples boa edução a ninguém.
O que torna ridícula a acusação de “miserável provocação” à
nomeação de um árbitro que se limitou a decidir pela interrupção de um jogo
para o qual não estavam reunidas as devidas condições de segurança.
Mas o ridículo não mata. De tal forma que, na imprensa de
hoje, é o próprio presidente da direção do Vit. Guimarães, Júlio Mendes, a cair
nele. Comentando a rescisão por justa causa (permito-me sublinhar a “justa
causa”) de três jogadores que alegaram salários de quatro a cinco meses em
atraso, o dirigente do clube minhoto disse que os futebolistas “demonstraram
grande ingratidão”.
Parece impossível a lata de alguém que dirige um clube que
não paga aos seus trabalhadores vir para a praça pública fazer-lhes acusações.
Mais, dizer que o que os jogadores fizeram “foi muito feio. Agora quem os contratar
já não paga direitos de formação. O clube ajudou-os a progredir, mas agora só
pensaram neles e nem ajudam a pagar aos que cá ficam”.
Feio, feio mesmo, acho eu, é a entidade patronal não pagar aos
seus trabalhadores.