sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Chapa 100

Feliz coincidência, o post número cem deste blog é dedicado ao mais recente Senhor 100 do Futebol português, João Tomás, que com os três golos que marcou em Setúbal na jornada passada ultrapassou a centena de golos apontados no principal campeonato de Portugal.

A época de 97/98, que marcou o regresso da Académica à I Liga após uma longa travessia do deserto, é a temporada de estreia para o avançado nascido em Oliveira do Bairro, filho de um ex-futebolista. O irmão, Miguel, de quem se dizia ser ainda mais talentoso que João, também tem no Futebol a sua profissão, jogando na equipa da terra desde 2007/08. Tem passagens por Naval, Sp. Pombal, Sanjoanense e Pampilhosa e, sem nunca ter tido oportunidade para jogar no principal campeonato português, teve ainda assim anos de marcar 18 ou 19 golos na II Divisão B.

João Tomás começou a jogar no Oliveira do Bairro e passou pelo Aguinense, antes de ir para o Anadia, onde a Académica, na altura ainda na Liga de Honra, o foi buscar.

Em 96/97 contribui para a subida da Briosa à I Liga, mas é dois anos depois, de regresso à Liga de Honra, que desponta como grande goleador. Chamam-lhe Jardel de Coimbra, estabelecendo o paralelo com o goleador brasileiro. Até janeiro marca 19 golos em 17 jogos e torna-se impossível ao clube de Coimbra resistir ao assédio do Benfica, para onde João Tomás se transfere.

No ano seguinte, com a camisola do clube da Luz, marca 17 golos em 19 jogos, e forma com Van Hooijdonk uma terrível dupla de avançados, mesmo se em termos coletivos as coisas não correm bem. Ainda assim, em termos pessoais, fica na memória o hat trick ao Vit. Guimarães e, logo na jornada seguinte, os dois golos ao Sporting, no último jogo de José Mourinho como treinador dos encarnados.

No início da época seguinte, o Benfica é incapaz de o "segurar" e João Tomás segue para o Bétis, de Espanha, iniciando experiências que ainda haviam de o levar ao Qatar e à Arábia Saudita. Pelo meio ficam passagens por Vit. Guimarães, Sp. Braga e Boavista, este já na II Divisão B.

O Rio Ave recupera-o para o Futebol português e em boa hora o faz. O avançado prova que o passar dos anos só refinou o seu instinto goleador. Época após época, marca com a regularidade de um relógio suíço. Um tic tac que se houve, jornada a jornada nos campos deste país.

Tão ou mais impressionante quanto a regularidade de João Tomás, é a forma como os clubes grandes deste país, e a própria Seleção de Portugal, desaproveitaram as qualidades deste futebolista de eleição. O bairradino tem uma carreira de que se pode orgulhar. Mas... até onde poderia ter ido num clube de dimensão diferente à do Rio Ave?

Acresce que o avançado é muito mais do que um bom jogador de futebol, que marca muitos golos. Os seus ex-colegas e treinadores são unânimes em destacar as qualidades e formação humana de João Tomás.

Também por isso - sobretudo por isso, claro - honra lhe seja feita.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sport Respeito e Saudade

Tinha previsto escrever hoje sobre João Tomás, que ontem marcou três golos em Setúbal e, com eles, atingiu os 101 apontados na I Liga. Tinha pensado escrever sobre o Sporting e a grande oportunidade que tem hoje de aproveitar a escorregadela do Sp. Braga e voltar a pensar na qualificação para a Liga dos Campeões. Mas isso terá de ficar para amanhã.

Morreu Guilherme Espírito Santo. Conheci-o através dos relatos do meu avô e também do meu pai, que cresceu no tempo de “um jogador de elegância extrema, habilidoso, ágil e de velocidade estonteante”, como escreveu o jornalista Rui Dias, enchia de futebol os campos deste país.
Espírito Santo retirou-se dos relvados quase 15 anos antes de eu nascer, quase vinte antes de eu começar a interessar-me por Futebol. E, no entanto, foi um dos meus primeiros ídolos.

Não cabe aqui o elogio que outros, melhor do que eu, lhe farão. “Assente em dinâmica fabulosa, era inteligente nos movimentos e seguro nas decisões; e para que nada faltasse aos argumentos de grande avançado, o poder de salto era tão deslumbrante que chegava a parecer um pássaro a voar nas alturas”, escreveu ainda Rui Dias.

Emocionei-me quando conheci pessoalmente Espírito Santo. Quando o cumprimentei, tive a perceção plena de que estava a apertar a mão de um grande Senhor – por extenso e com maiúscula – do Benfica e, mais do que isso, do Futebol português.
  
Hoje ia escrever sobre João Tomás. Tinha pensado escrever sobre o grande resultado que o Sporting pode ter “feito” ontem, em Braga. Mas tudo isso fica para amanhã.

Hoje é dia de Sport Respeito e Saudade.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dúvidas

O Benfica venceu o Celtic e adiou para a última jornada da Liga dos Campeões a decisão sobre o seu destino: aos encarnados "basta" conseguir em Camp Nou o mesmo resultado que o Celtic conseguir, em casa, frente ao Spartak Moscovo.

Certamente entusiasmado com a possibilidade de passar à fase seguinte, Jorge Jesus afirmou em conferência de imprensa que "está tudo em aberto". A acrescentou:

- Se o Barcelona for melhor [do que o Benfica] terá de o provar em campo.

Que Jorge Jesus utilize o condicional e duvide que o Barcelona de Messi e do tika taka seja melhor do que o Benfica ainda vá que não vá. Mas era desnecessário desafiá-los para o "provarem" em campo. O técnico benfiquista percebe de Futebol e sabe bem que nem sempre ganham os melhores. Por exemplo: naquele campeonato que o F.C. Porto ganhou em 2010-11 com 21 pontos de vantagem sobre o Benfica, tanto Jorge Jesus como Fábio Contrão (pelo menos...) repetiam que o Benfica é que era melhor.

Ou seja: o Barcelona até pode ganhar, mas não quer dizer que seja melhor do que o Benfica. Certo?

domingo, 18 de novembro de 2012

Pinheiro, precisa-se

A Imprensa desportiva noticia hoje que o novo treinador do Sporting, Franky Vercauteren "quer um avançado experiente e possante".

Definitivamente, penso que o técnico leonino ainda não percebeu em que clube está.

O melhor avançado que o Sporting teve nos últimos anos era "levezinho". O  que não o impediu de marcar muitos golos e, mesmo sendo brasileiro, chegar à Seleção de Portugal.

De qualquer forma, foi a própria expressão utilizada por Vercauteren que me chamou a atenção, porque ao último treinador do Sporting que pediu publicamente um avançado possante (na altura "pinheiro" foi o termo), a direção ofereceu um... guarda-redes. Chamava-se Hildebrand e o máximo que fez foi um jogo para a Taça de Portugal e dois para a Liga Europa.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Nunca se sabe

O Record de hoje anuncia que o treinador "Franky Vercauteren vai receber prendas de Godinho Lopes em janeiro", acrescentando que um avançado e um central estarão a caminho de Alvalade, enquanto Gelson Fernandes, Elias e Xandão podem sair.

O técnico belga está há pouco tempo em Portugal e talvez não conheça o provérbio "quando a esmola é grande, o pobre desconfia".

De qualquer forma, no caso de Vercauteren, e antes de chegar a janeiro, é preciso chegar ao Natal...

No Sporting nunca se sabe.

Greve geral

Perante um hino claramente desafinado quando entoado pelos jogadores portugueses no início do jogo, dei por mim a pensar "espero que joguem melhor do que cantam". Eterno otimista!

A bola saltitava num ervado impróprio para consumo, o árbitro, sempre muito risonho, ia dando o exemplo, numa sinfonia do apito e um festival de cartões e de grandes penalidades.

O jogo da seleção poderia ter sido apresentado como um filme de classe B e os telespetadores não teriam sido enganados.

Hoje, no Gabão, o Futebol foi solidário e também fez greve. 

domingo, 11 de novembro de 2012

Democracia

Luís Filipe Vieira afirmou ontem que "o Benfica é um caso sociológico, representa o povo. é um clube completamente aberto, transparente e democrático".

Sabendo-se que para ser presidente do Sport Lisboa e Benfica - cargo para o qual Luís Filipe Vieira foi recentemente reeleito - a idade mínima é 43 anos (para ser Presidente da República basta ter... 35), seria interessante saber de que Benfica estava Luís Filipe Vieira a falar.

Se é do "seu" que Vieira está a falar, discordo do conceito de Democracia. Um clube cujos Estatutos exigem 25 anos consecutivos de sócio após atingir a maioridade, pode ser um clube transparente, mas está longe de ser aberto e democrático.




quinta-feira, 8 de novembro de 2012

De mal a pior

O inglês do entrevistador da SIC no flash interview do Sporting - Genk ainda consegue ser pior do que o futebol da equipa de Alvalade.

Humor negro

Este Genk deve ser mesmo muito fraco para só ter empatado em Alvalade...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

A Bela e o Monstro

Ouvi na Antena 1 o relato do Dínamo Kiev - F.C. Porto que qualificou os dragões para os oitavos de final da Liga dos Campeões.

Em Kiev, Fernando Eurico contava-nos as peripécias da partida, naquela linguagem dinâmica e colorida que fazem dele o melhor "relatador" da rádio pública portuguesa - sim, eu sei, também gosto do Hélder Conduto, mas prefiro o homem do norte...

Em estúdio, Manuel Queirós, naquela voz pastosa e linguagem repleta de inversões e hesitações, desafiava-nos a mudar de estação.

Já aqui o escrevi - e até um leitor aqui o escreveu também - eu não percebo nada de Futebol. Não posso por isso questionar a competência técnica de Manuel Queirós como comentador do desporto rei. Mas, francamente, porque não se dedica ele ao jornalismo escrito e se fica por aí?

Os ouvintes agradecem.


domingo, 4 de novembro de 2012

Vinho do Porto

João Tomás marcou outra vez e deu a vitória ao Rio Ave, em Moreira de Cónegos. Em Freamunde, Joeano também marcou e deu a vitória ao Arouca.

Ambos são trintões, bastante mais velhos do que Tozé Marreco (marcou na vitória da Naval sobre o Vit. Guimarães B) ou Licá, que marcou pelo Estoril Praia, à Académica. Outro jovem, Éder, desta vez não marcou - jogou apenas seis minutos, poupado para a Liga dos Campeões - mas é o segundo melhor goleador do campeonato.

Todos eles jogaram na Académica. Se os jogadores são como o vinho do Porto, é pena que os dirigentes academistas não o sejam, porque tudo quanto o clube ganhou com a saída destes  jogadores foram 40 mil contos (ainda não havia euros, na altura) com a venda de João Tomás ao Benfica, há 12 anos...

Perda de tempo

Em Braga, Hugo Viana, que contribuiu para a vitória da equipa da casa sobre o Gil Vicente, dedicou o seu golo a César Peixoto, jogador adversário. Fê-lo por ironia e provocação.

César Peixoto respondeu com beijinhos. Ele é que sabe, mas se eu tivesse a Diana Chaves em casa não perdia tempo a mandar beijinhos ao Hugo Viana.

Escola de virtudes

Ontem vi a segunda parte do Benfica - Vit. Guimarães, com a equipa da casa a dominar um adversário absolutamente inofensivo e com grandes dificuldades em sair do seu próprio meio campo. Nem por isso o Benfica desfrutou de grandes ocasiões de perigo, além daquelas que concretizou: uma por Lima e outra por Oscar Cardozo, num penálti que terá existido ou não, fica a dúvida.

No jogo da Luz, porém, mais do que a total subserviência do Vit. Guimarães, a imagem que me ficou na retina foi o "estádio" levantar-se para aplaudir estrondosamente um jogador benfiquista (André Almeida) que tinha sido expulso após uma entrada violentíssima sobre um adversário.

André Almeida é "um menino", como diria mais tarde Jorge Jesus, e está em idade de cometer deslizes, fruto da sua imaturidade e até - quem sabe? - dos nervos por uma primeira aparição na equipa do Benfica em pleno Estádio da Luz.

Mas, também porque é "um menino", deveria levar um valente puxão de orelhas pelo que tinha acabado de fazer a um colega de profissão. Em vez disso, o Estádio levantou-se para o aplaudir como a um herói. É pena que o Futebol hão seja mais a escola de virtudes que foi outrora.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Intruso

Acabou finalmente – arrastava-se desde 8 de setembro, com jogos em oito datas diferentes – a segunda fase da Taça da Liga, que apurou os oito clubes que irão juntar-se àqueles outros tantos que foram os primeiros no campeonato da época passada e que disputarão a Fase de Grupos. Dos oito agora qualificados, sete são da I Liga e apenas um da Liga de Honra, a Naval.

Com o modelo competitivo que tem sido adotado, mais valia que na Taça da Liga participassem apenas clubes do primeiro escalão: os regulamentos privilegiam-nos tanto, que muito dificilmente saem derrotados nos confrontos com equipas da Liga de Honra, que são forçados a jogar, muitas vezes à quarta-feira, sem a devida compensação financeira, uma vez que aos jogos assistem escassas centenas de pessoas.

O ideal seria mesmo acabar com a proteção aos clubes ditos “grandes” e haver sorteio aberto para todos desde a primeira fase. Para a notoriedade da competição, o ideal seria mesmo que os jogos se disputassem todos nas mesmas datas, podendo haver um – ou dois, vá lá – cuja data e hora pudesse ser alterada para o dia anterior ou para o dia seguinte, de forma a poderem ser televisionados. Para o interesse competitivo da Taça da Liga, o ideal seria que o seu vencedor tivesse acesso automático à Liga Europa.

Tenho a convicção de que se estes pressupostos fossem seguidos, os clubes encarariam a competição com maior seriedade – mesmo para com os seus adeptos – e apresentariam nos seus jogos as primeiras equipas e não as reservas e as partidas despertariam muito maior interesse junto do público.