quinta-feira, 30 de maio de 2013

Onde é que eles param?

A notícia de que adeptos do Racing, da Argentina, querem que se a sua equipa perca para que os seus rivais desçam de divisão, faz-me lembrar uma reportagem que A Bola publicou há mais de 30 anos com os então dois clubes mais representativos de Portalegre.

Na altura, Estrela e Portalegrense disputavam, palmo a palmo, o campeonato da II Divisão e ambos andavam nos primeiros lugares. O Estrela chegou a disputar, com Sp. Espinho (da zona norte) e Desp. CUF (da zona sul), uma Liguilha de acesso à I Divisão, por ter-se classificado em segundo lugar na Zona Centro. Os tigres ganharam o mini-campeonato e o direito a jogar, na época seguinte, entre os grandes.

Na reportagem, o jornalista explorava a enorme rivalidade entre Estrela e Deportivo, dando voz a adeptos dos dois clubes. Um adepto, cioso do seu clubismo, dizia que preferia que o seu clube ficasse em penúltimo lugar e descesse de divisão, desde que o clube rival ficasse em último e descesse também, do que subir de divisão ficando em segundo lugar se o rival fosse primeiro.

Foi dessa rivalidade doentia que me lembrei ao ler a notícia sobre os adeptos do Racing. Talvez fosse bom alguém dizer-lhes o que aconteceu os dois clubes de Portalegre. 

Hoje, o que é feito do Estrela e do Desportivo?

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O grande e os pequeninos

Perder é mau. Ter mau perder é pior. Em menos de 15 dias, o Benfica perdeu tudo: Campeonato, para o F.C. Porto; Liga Europa, para o Chelsea; Taça de Portugal, para o Vit. Guimarães. A Taça da Liga, única competição que os encarnados ganharam com regularidade nos últimos anos, já tinha sido perdida antes, em finais de fevereiro, contra o Sp. Braga.

De repente, a época de sonho de que tantos benfiquistas falaram durante tanto tempo, esfumou-se. E a equipa, que os adeptos receberam com aplausos depois de perder no Dragão e em Amesterdão, que ontem foi apoiada durante quase todo o jogo, acabou por ser assobiada, os jogadores e treinador insultados e vítimas de tentativas de agressão. De repente, a época de sonho acabou em pesadelo.

“Aconteça o que acontecer, a nossa época será sempre brilhante”, disse Jorge Jesus antes do jogo com o F.C. Porto. Que dirá ele agora? Que dirão os responsáveis encarnados que embarcaram alegremente em festejos que – vê-se agora, mas era previsível há muito – pecaram por extemporâneos e demonstraram uma evidente falta de respeito para com os adversários?

O Benfica, todos o sabemos, é uma grande instituição, o clube português com maior número de adeptos, mas merece melhor do que um treinador fanfarrão e dirigentes que dão constantes provas de falta de educação e total ausência de desportivismo.

Não se ouviu ninguém do Benfica felicitar o F.C. Porto por ter sido melhor no campeonato da Liga; não se ouviu ninguém dar os parabéns ao Vit. Guimarães por ter ganho bem; pior do que isso, a equipa do Benfica abandonou o relvado do Jamor imediatamente após ter recebido as medalhas de finalista vencido, quando a tradição – e a educação e o fair play – aponta no sentido de o vencido cumprimentar o vencedor. Só faltou apagarem a luz e ligarem o sistema de rega.

O Benfica é grande, mas há benfiquistas que são muito pequeninos.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Porta fechada

A história tem pouco mais de um ano. Durante todo esse tempo aguardei, pacientemente, que o protagonista me desse uma oportunidade para a contar. Esperava um golo decisivo, um golo de bandeira, uma chamada à selecção, de que, aliás, chegou a falar-se. Esperava, enfim, um momento alto na carreira, que pudesse amenizar as palavras duras que refreei durante meses.

A oportunidade surgiu agora, mas não pelos melhores motivos.

David Simão é um jovem e talentoso jogador do Benfica, que este ano o emprestou ao Marítimo. Já no ano passado o atleta havia sido emprestado, dessa vez à Académica. A história que hoje conto é dessa altura, quando, já em final de temporada, a Briosa se afundava perigosamente na classificação. O espectro de descida de divisão fez com que uma atmosfera de angústia se instalasse entre os adeptos.

Foi nesse ambiente que David Simão teve um jantar com amigos e colegas de equipa. Confrontado com a possibilidade da equipa descer, o jogador disparou: “Quero que se _oda. Para o ano não estou cá e não!...”

Além de caraterizar uma enorme falta de profissionalismo, estas palavras revelam também completo desrespeito pelos seus colegas de trabalho e pelos sócios, adeptos e simpatizantes do clube que o acolheu. Razão que me levou a pensar que com aquele tipo de atitude, o jogador, por mais talentoso que seja, não iria longe.

Agora foi o Marítimo, que lhe fechou a porta. Amanhã quem será?

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Morreu Cruz dos Santos

Cruz dos Santos foi um dos jornalistas, com Carlos Pinhão, Carlos Miranda, Vítor Santos, Homero Serpa, Alfredo Farinha e alguns outros, com quem "aprendi" a ler. Em miúdo, devorava as suas crónicas, publicadas no seu jornal de sempre, A Bola, para onde entrou em 1954 e onde ainda mantinha uma crónica semanal ligada à arbitragem.

Dizer que o jornalismo fica mais pobre com a sua morte, é um lugar comum que os leitores perdoarão por não ter eu a habilidade de tratar as palavras como Cruz dos Santos o fazia. Mas não restam dúvidas de que, com o seu desaparecimento, é um dos maiores nomes de sempre da imprensa desportiva portuguesa que se vai embora.

O diretor do Record, Alexandre Pais, escreve hoje que “parte um nome mítico do jornalismo português e um profissional de uma espécie que já não se fabrica”. No mesmo jornal, António Magalhães escreve que “Cruz dos Santos foi um dos mestres” que teve o prazer de conhecer.

A minha homenagem aqui fica também, simples mas sentida, a um dos meus professores.


quarta-feira, 15 de maio de 2013

Sem festejar

Fui do Benfica até ao apito final. Vibrei com o golo do Óscar Cardozo e não pude reprimir um palavrão quando o Chelsea marcou o golo da vitória.

Quando o jogo acabou fui para a varanda, esperar que aquele jogadorzito do F.C. Porto passasse a buzinar, festejando a vitória dos ingleses. Só depois me dei conta de que afinal, sem carta, ele não podia.

Dia grande

Hoje é dia grande para o futebol português que vê uma das suas equipas disputar a final da segunda mais importante competição europeia de clubes. E como alguém já disse, as finais são para se ganhar.

Hoje, sou benfiquista desde o berço e torço pelos encarnados, que representam o meu país. Sou benfiquista como já fui portista, quando os dragões ganharam a Liga dos Campeões e, antes disso, a Taça Uefa. Sou benfiquista como já fui sportinguista, quando os leões disputaram, em Alvalade, a final da Taça Uefa.

Hoje sou benfiquista porque sou português. Sou benfiquista como muito mais de seis milhões de compatriotas meus que independentemente de, noutros dias e noutras competições serem adeptos de outros clubes, hoje torcem pelo Benfica.

Hoje olho para o Benfica como se fosse a Seleção de Portugal, mesmo que só esteja em campo um jogador português. Mesmo que não esteja nenhum…

Espero a vitória encarnada. Se o Benfica ganhar, não irei festejar para o Marquês de Pombal nem para lado nenhum, mas não deixarei de ficar feliz pela felicidade daqueles que foram, sempre, benfiquistas desde pequeninos. Porque quanto a mim, só hoje é que sou benfiquista desde pequenino.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Sentido de oportunidade

Com uma jornada ainda por disputar, o Sporting está fora da luta pela participação na Liga Europa do próximo ano, último objetivo que restava à equipa de Alvalade. O facto, sendo histórico, não é inédito e não é a sua raridade que me leva a escrever este post. É, muito mais do que isso, comentar o sentido de oportunidade de altos responsáveis sportinguistas, quer na abordagem (falhada) à Liga Europa quer, também, na decisão da Direção sobre a continuidade de Jesualdo Ferreira como técnico principal.

Comecemos por aí. Pouco depois de ser eleito Presidente, Bruno de Carvalho tentou pôr fim à discussão sobre o futuro técnico dizendo que Jesualdo continuaria “se conseguisse o apuramento para a Liga Europa”. Acredito que o jovem presidente sportinguista tenha sido traído pela sua inexperiência, porque tal afirmação deixa implícito que se a qualificação não fosse atingida, então haveria mudança de treinador. O mais importante é que, na altura em que fez essas declarações, o Sporting não dependia de si próprio para atingir esse objetivo, ou seja: mesmo que ganhasse todos os jogos até ao final do Campeonato, estaria sempre dependente do que fizessem os seus adversários diretos. 

Agora, mesmo com o apuramento falhado, parece que Jesualdo Ferreira interessa. Parece ainda também, pelo menos a julgar pelo que tem vindo a público, que presidente e treinador não conseguem entender-se sobre as condições de trabalho. A batata quente está agora nas mãos de Augusto Inácio, futuro responsável pelo futebol leonino, que tentará convencer Jesualdo Ferreira a continuar.

O Record de hoje diz que Augusto Inácio “contactou, via telefone, o treinador dos leões antes do duelo com o Olhanense. Na altura, Jesualdo preferiu concentrar-se num embate que ainda podia valer a Europa, adiando o encontro para os próximos dias”. O jornal adianta que “a reunião está marcada para esta semana”.

Chamo a atenção para a postura de Jesualdo Ferreira: total concentração na Liga Europa.

Acontece que Augusto Inácio ainda é treinador do Moreirense. A equipa minhota ainda luta pela manutenção na I Liga. Ganhou no sábado passado a um adversário direto e passou a depender apenas de si própria para conseguir o seu objetivo. Claro, a tarefa é complicadíssima, porque visita o Estádio da Luz, mas até pode perder se Olhanense (contra o Marítimo, em casa) e Beira-Mar (contra o Sporting, também em casa) também perderem.

Chamo a atenção para a postura de Augusto Inácio: jogo decisivo para a sua equipa, mas ele vai é a Lisboa resolver o problema do Sporting…

aqui escrevemos sobre o tema. Não duvido do profissionalismo de Augusto Inácio; mas a um profissional de futebol, exige-se o mesmo que à mulher de César, a quem não bastava que fosse séria, tinha também que parecê-lo. Ao Sporting, a Bruno de Carvalho e a Augusto Inácio falta sentido de oportunidade. Que dirão os adeptos do Moreirense?

domingo, 12 de maio de 2013

O Professor Pardal

Lembram-se dele, figura criada para a Walt Disney? Claro que sim, era o inventor mais famoso de Patópolis, amigo de Mickey, Pateta, do Pato Donald e do Tio Patinhas. Ontem, foi nele que pensei quando li que Jorge Jesus preparava uma surpresa tática para o jogo no Dragão, onde se apresentou com apenas um avançado, num sistema de 4x2x3x1.

Independentemente de uma surpresa deixar de o ser a partir do momento em que é anunciada, lembrei-me de outras invenções de Jorge Jesus, como a adaptação de David Luiz a defesa-esquerdo no jogo em que o F.C. Porto bateu o Benfica por 5-0. Se a equipa da Luz tinha ganho vantagem no campeonato com um plano tático de 4x1x3x2, por que haveria Jesus de inventar um sistema novo a apenas duas jornadas do fim? E por que haveria ele de lançar o defesa Roderick Miranda no jogo, com ainda mais de 25 minutos para serem disputados, colocando a sua equipa e defender ainda mais quando é no ataque que o Benfica tem a sua maior força?

Já houve quem dissesse de Jorge Jesus que ele era a Paula Rego dos treinadores de Futebol. Para mim, está mais próximo do Professor Pardal. Tal como a personagem da Walt Disney, também Jesus tem inventos fabulosos, como Melgarejo, por exemplo. Mas as suas invenções não funcionam sempre da forma que ele espera.

sábado, 11 de maio de 2013

Bem entregue

Logo, lá mais para o fim da noite, saber-se-á previsivelmente quem é o próximo Campeão Nacional: mesmo que a Matemática não o confirme – e só o confirmará se o Benfica ganhar – estou em crer que a equipa que somar mais pontos após este jogo ganhará o título, uma vez que não deverá perder essa oportunidade na última jornada.

Porto ou Benfica? Benfica ou Porto? O título de campeão ficará sempre bem entregue a qualquer equipa que em 30 jogos não perde nenhum. E, este ano, até pode dar-se o caso de nem primeiro nem segundo perderem, o que seria inédito…

O Benfica entra em campo com mais dois pontos do que o adversário. É uma vantagem enorme. O F.C. Porto joga em casa. É uma vantagem enorme. Qual das vantagens é maior? Talvez a do adepto de futebol que não o é de qualquer dos dois clubes e pode ver o jogo de forma desapaixonada.

Mas Futebol é paixão e mesmo aqueles não torcem por Benfica nem por F.C. Porto poderão dar por si a roer as unhas de nervosismo e ansiedade.

Que ganhe o melhor, já que não podem ganhar ambos. A vitória de um será sempre o corolário de uma época brilhante.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Valha-lhes Santiago Maior

Confesso que tive que ir consultar a net, mas a situação justificava-o: não é inédita, longe disso, mas é tão rara que merece este post…

Santiago Maior, mais propriamente a Associação Desportiva e Cultural de Santiago Maior tem sede na Aldeias de Pias, no Alandroal. Foi fundada em 1985, é um clube jovem e participou este ano na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Évora, que terminou domingo. Em 26 jogos, o Santiago Maior contabilizou 26 derrotas. Nem um pontinho, para que os jogadores pudessem mais tarde contar aos netos que “uma vez conseguimos empatar, nunca me hei-de esquecer…”.

Parece que estou a “gozar” com a situação. E estou. Sigo o exemplo dos alentejanos, os primeiros a contar anedotas em que eles próprios são os protagonistas. Mas, no meio do gozo, algumas palavras de simpatia e um aplauso para os jogadores, equipa técnica, dirigentes e simpatizantes do Santiago Maior.
Imagino a dificuldade de manter em atividade uma equipa nas profundezas do País real. O que deduzo daquilo que vi na net é que o presidente é também um dos principais financiadores, Manuel Catronga, tal como o Galera’s Bar e a Fruteira Silva. O que pode levar uma empresa a patrocinar um clube que nunca ganha? Certamente apenas o bairrismo, porque não estamos a falar de um sponsorship com perpectivas de retorno… Honra então, também, aos patrocinadores. Se algum dia passar no Alandroal, hei-de ir beber uma cerveja ao Galera’s Bar…

O que pode levar os adeptos e simpatizantes a apoiar uma equipa que nunca ganha? Não sei, a paixão clubística não se explica, não se entende, apenas se sente. Às derrotas, aquela de 9-0 ou a de 2-1 segue-se a esperança “do tal empate” na jornada seguinte? Responda quem souber.

Mas os certamente esforçados jogadores do Santiago Maior, em especial o Nuno Zorreta (deve ter sido ele a enfardar grande parte dos 116 golos sofridos), merecem todos os aplausos que os meia-dúzia de adeptos, e não deverão ser muitos mais do que esses, lhes dedicaram em cada jogo. Não merecem é que o padroeiro lhes vire as costas.

Mérito e demérito

O presidente do Vit. Guimarães, Júlio Mendes, quer que a equipa B do clube ganhe os dois jogos que lhe faltam disputar, de forma a atingir o 20º lugar e poder manter-se na II Liga beneficiando do eventual incumprimento dos pressupostos financeiros de algum clube.

Surpreendem-me, por várias razões, as declarações que Júlio Mendes fez à Radio Santiago e que foram reproduzidas na imprensa. Por três ordens de razão:

- Que um presidente de clube queira que a sua equipa ganhe, é normal. Que queira ficar à frente de outras por motivos extradesportivos é que não acho bem;

- Não creio que seja desportivamente aceitável que se premeie o demérito – terminar atrás – em detrimento do mérito – terminar à frente, dando àquele a manutenção e a este a descida. Num caso destes, deveriam descer ambos;

- Por falar em mérito, o Vit. Guimarães, tal comos todos os outros cinco clubes com equipas B, não tem qualquer mérito em ter disputado este ano a II Liga. As equipas B foram colocadas lá, não conquistaram esse lugar, apenas lhe foi atribuído;

- Mas, acima de tudo, surpreendem-me as expetativas de Júlio Mendes porquanto é público que pelo menos três ex-jogadores vimaranenses rescindiram os seus contratos de trabalho com o clube por terem os seus salários em atraso. Ou seja: O Vit. Guimarães corre o risco, ele próprio, de não conseguir atingir os pressupostos necessários para disputar as competições profissionais no próximo ano.

Claro, tudo isto é no plano teórico. Acredito que o clube minhoto dispute a I Liga – e a sua equipa B, a II Liga – mesmo que não consiga aqueles pressupostos. Quantos dos leitores acreditam que os 32 clubes das duas ligas profissionais conseguiram, de facto, esses pressupostos? O futebol português é o que se sabe e foi – coincidência – um antigo presidente vimaranense a dizer que “o que é verdade hoje, é mentira amanhã”.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Será melhor calarem-se

Em declarações exclusivas ao Record, Fábio Coentrão deixou uma mensagem de incentivo aos seus colegas do Benfica: "Vocês vão ser campeões".

Não sei - ninguém sabe - qual será o resultado do derby de sábado, entre o F.C. Porto e o Benfica. Fábio parece saber, mas não sabe. Tal como nós ficamos sem saber se ele disse aquilo porque deseja que o Benfica seja campeão, o que, naturalmente, é legítimo, ou se porque realmente acredita que assim será, o que seria igualmente legítimo.

Repito, não sabemos. O que sabemos é que Fábio Coentrão tem o hábito de fazer declarações despropositadas antes dos grandes jogos entre a sua equipa e o F.C. Porto, confundindo a realidade com os seus desejos.

Pela minha parte, e não sendo simpatizande de nehum dos dois clubes, o resultado final é-me igual. E, talvez por isso, esteja bem colocado para relembrar aos adeptos de ambos que o jogo - nenhum jogo - é de vida ou de morte. Que seja bem disputado, sem tricas, sem casos e com desportivismo. Será talvez pedir demasiado, até pelo extremar de discurso de ambos os treinadores, que fariam muito melhor em estar calados.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Ainda há quem tenha vergonha

Gazza e André Sousa são irmãos e jogam no Pescadores, equipa que disputa a I Divisão da Associação de Futebol de Setúbal. Estão, ao que diz o Record, “indignados” com o árbitro David Salvador que suspendeu a partida entre a formação da Costa da Caparica e o Almada quando estavam disputados apenas onze minutos de jogo.

Motivo da indignação? O árbitro terá trocado o nome dos irmãos no relatório de jogo, atribuindo a Gazza a agressão de que foi vítima, quando afinal foi André Sousa quem o esmurrou.

Realmente é inadmissível uma troca desta natureza. Que o árbitro seja agredido a soco, ainda vá que não vá, de vez em quando acontece, um pouco por todo o País. Mas, trocar o nome a um jogador, onde é que isso já se viu? Não há dúvidas, é mesmo motivo para que os irmãos fiquem indignados…

Num registo (muito) menos irónico, destaque para o treinador do Pescadores, Pedro Abranja, que na sequência deste caso colocou o lugar à disposição, alegando que “não são estes os valores que defendo”. 

Afinal ainda há quem tenha vergonha.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Estão bem um para o outro

O Estoril Praia foi empatar à Luz e devolveu o Benfica à situação de não estar sozinho como equipa que depende apenas de si própria para se sagrar Campeão Nacional. Agora, também o F.C. Porto volta a depender exclusivamente de si para vencer o título. E, de repente, o clássico do próximo sábado, entre Dragões e Águias ganha (ainda) mais interesse porque pode, de facto, decidir tudo. Estou em crer que assim será, mesmo que a Matemática possa querer adiar todas as decisões para a última ronda.

Mais claramente: se o Benfica vencer, até a Matemática assegura o título aos encarnados, mas se o derby terminar empatado, o Benfica será Campeão na jornada seguinte; não será o Moreirense, terrivelmente ameaçado pela descida de divisão, a impedir a consagração dos encarnados na derradeira ronda. Se, por outro lado, for o F.C. Porto a vencer, ficará com um ponto de vantagem sobre o seu arqui-rival e então, nem o mais forte Paços de Ferreira, mesmo que extra-motivado pela possibilidade de ir à Liga Europa, evitará que os azuis e brancos sejam campeões. Equipas como o Benfica e o F.C. Porto não se darão ao luxo de escorregar contra formações mais fracas, numa última jornada, ainda por cima decisiva.
Posto isto, os adeptos terão os olhos no Estádio do Dragão e esperam um bom jogo, se não bem disputado, pelo menos intenso e sem casos de arbitragem.

Mas o que motiva este post não é tanto o jogo de sábado, mas o que o desta noite trouxe de novo na preparação para o jogo decisivo. Assim que o jogo acabou e se confirmou o regresso do F.C. Porto como equipa que – também – depende apenas de si própria para ser campeã, lembrei-me do que dissera o treinador portista: “– É impossível sermos campeões.”

Mesmo que a frase tenha sido dita com ironia – que, diga-se de passagem, me passou completamente despercebida – pergunto-me como é que Vítor Pereira vai trabalhar psicologicamente os seus jogadores para defrontarem o Benfica. Como motivá-los para vencer? Como fazer-lhes crer que podem ser campeões se ele próprio não acredita?

Vítor Pereira deve ser um treinador competente. Tem um registo de vitórias absolutamente impressionante, melhor do que qualquer outro, incluindo José Mourinho ou André Vilas-Boas. Quando vistas as coisas apenas do ponto de vista do campeonato, em 58 jogos disputados, perdeu apenas um. Repito, é impressionante! Se Vítor Pereira fosse tão competente a comunicar, certamente não poria as mãos pelos pés como fez agora. Nesse particular, aliás, os treinadores do F.C. Porto e do Benfica, estão bem um para o outro…

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Aqueles como outros quaisquer

A história já tem uns dias, publicada pelo Jornal deNotícias, mas não resisto a trazê-la aqui: um ex-presidente-adjunto do Boavista, Rui Campos Gonçalo, está acusado de sequestrar e reter os passaportes de um empresário e de um jogador brasileiro.

Poupo-vos os detalhes da história que envolve uma suposta parceria de investimento que permitiria ao clube do Bessa receber, a custo zero, dois jogadores espanhóis, oriundos do Atlético de Madrid e um outro, brasileiro. A páginas tantas, os parceiros desentenderam-se e, conta o dirigente axadrezado, o empresário deixou de lhe atender o telefone.

É partir daqui que a história ganha interesse para mim. Conta Rui Campos Gonçalo que “percebi que o empresário brasileiro quis burlar o Boavista”. Conseguindo localizá-lo num restaurante na Avenida da Boavista, quis falar com ele e “pedi a três atletas do Boxe para virem comigo, como testemunhas”.

Espera aí: “Do Boxe?” – pergunto eu. “Foram os do Boxe como poderiam ter sido do ciclismo ou do xadrez”, diz Rui Campo Gonçalo ao JN.

Está claro. Ou da Patinagem Artística, se a modalidade fosse praticada no Boavista. Porque não da Natação Sincronizada, Rui? Não, não podia ser, o Boavista nem sequer tem piscina…