quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Contos de fadas que acabam mal

A direção do Beira-Mar anunciou hoje a contratação de um novo treinador, que substituirá Jorge Neves, um homem da casa, em funções desde o início da temporada. Embora siga a realidade do clube aveirense à distância, parece-me que se trata de uma decisão inesperada. E injusta.

É verdade que os resultados alcançados até agora pela equipa não permitem ilusões quanto ao regresso imediato à I Liga, afinal aquilo que os seus adeptos mais desejariam no plano desportivo. Mas será bom lembrar todas as dificuldades que o clube teve no início da época para formar o seu plantel, fruto dos problemas financeiros que, nos últimos anos, têm sido praticamente uma constante.

Foi, pois, num contexto extraordinariamente adverso que Jorge Neves “pegou” na equipa. É que, além das dificuldades financeiras, o Beira-Mar tem vivido em permanente convulsão interna, com guerras permanentes entre clube e SAD. Apesar disso, pelo menos até ao momento, o Beira-Mar está longe dos lugares de descida – sendo que, neste época, só deverá descer uma equipa.

Quando falta disputar 15 jogos, os auri-negros encontram-se no 15º lugar. Com 12 pontos de atraso relativamente ao último clube em posição de subida, não é de crer que venha a intrometer-se na luta pela ascensão à I Liga. Por outro lado, tem também 12 pontos de vantagem relativamente ao lanterna vermelha, o único em posição de descida, e deve estar, portanto, ao abrigo de dores de barriga nas últimas jornadas.

Mas, se já não deve subir nem tão pouco descer, porquê mudar de treinador, promovendo a chegada de um técnico estrangeiro de quem Jorge Neves – pasme-se – será adjunto? Daniele Fortunato é italiano e não deve estar minimamente identificado com a realidade do clube. Quanto tempo demorará para conhecer o plantel – só tem o dia de amanhã para o “retocar”, reforçando-o – e extrair dele mais do que Jorge Neves?

Estou longe de saber o que pensam os sócios do clube – afinal os principais interessados. Mas receio que se passe no Beira-Mar aquilo por que está aparentemente a passar o Olhanense (e é apenas um exemplo entre outros), onde a SAD faz o que quer e está a marimbar-se para os sócios, adeptos e simpatizantes. 

Uma coisa é certa: no meu clube não quero SADs. Quero que continue a ser dos “sócios” e não de quaisquer investidores mais ou menos anónimos, que apresentam contos de fadas que muitas vezes terminam mal.

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