quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Mancha

Tenho o maior respeito pelo professor Henrique Calisto. O técnico, que começou a sua carreira futebolística como jogador do Leixões, tem um percurso assinalável como treinador, com passagens alternadas por clubes da I e da II Liga. Boavista, Salgueiros, Sp. Braga, Penafiel, Varzim, Rio Ave, Académica e Paços de Ferreira foram alguns dos clubes por onde passou. É verdade que nem sempre os resultados foram bons, mas, por onde passou foi deixando uma imagem de profissional competente.

O meu respeito para com Henrique Calisto tem também a ver com a sua postura cívica. Muito jovem, envolveu-se em lutas estudantis contra o regime de ditadura que vigorou até ao 25 de abril. Mais tarde, interrompeu a sua actividade profissional no Futebol e assumiu a sua militância partidária. Entre outras coisas, presidiu, durante vários anos à Junta de Freguesia de Matosinhos, de onde é natural.

Após terminar o seu mandato autárquico, Calisto escolheu a Ásia para um “exilio” que durou mais de dez anos. Mais uma vez, as suas qualidades técnicas e humanas foram reconhecidas, chegando a selecionador do Vietname. Há dois anos regressou a Portugal, para salvar o Paços de Ferreira da descida de divisão.

É no Paços de Ferreira que Henrique Calisto volta a estar agora, num cenário desportivo parecido com aquele que encontrou em 2011-12. A equipa foi eliminada da Liga Europa e não conseguiu ainda liberta-se do último lugar no Campeonato. Na Taça de Portugal, foi eliminada, em sua casa, pelo Desp. Aves, no domingo.

Jaime Poulson, avançado que, no início da temporada, foi cedido pelos Castores, marcou os dois golos do Desp. Aves. Henrique Calisto reagiu mal à “traição”: “É um jogador fraco” – disse.

A eliminação, em casa e frente a um adversário de um patamar inferior, é sempre difícil de aceitar. Mas isso não justifica – apenas atenua um pouco – a deselegância de Henrique Calisto. A sua formação académica superior e o seu percurso profissional e cívico deveriam pô-lo a cobro de situações como aquela em que o professor caiu. Uma mancha que não o dignifica.

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