sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O folclore da Taça da Liga

Em seis edições, a Taça da Liga já forneceu aos adeptos de Futebol uma boa quantidade de rábulas, nem todas cómicas, que ficam na história da competição. Desde faltas de comparência, medalhas atiradas para a bancada, comemorações de vitória por duas equipas que acabavam de se defrontar num jogo a eliminar, enfim, tem havido situações para todos os gostos.

Amanhã e domingo disputam-se os jogos que determinarão os semifinalistas da edição 2013-14 e o folclore voltou a manifestar-se de maneira incompreensível e inadmissível numa prova profissional: alegando a necessidade de poupar o relvado do Estádio da Luz, o Benfica marcou a receção ao Gil Vicente para o Estádio do Restelo. O presidente gilista, António Fiúza, ele próprio uma personalidade folclórica, não gostou de saber da notícia pela Comunicação Social e ameaçou faltar ao jogo. Em comunicado, a direção do clube de Barcelos lamentou a “falta de respeito” do Benfica por não lhe ter passado cartão.

Diz o Gil Vicente que o regulamento da Taça da Liga estipula, no seu artigo sétimo, que “quando um clube esteja impedido de realizar jogos no seu estádio (…) por razões de falta de condições do terreno de jogo, será o mesmo realizado no estádio do adversário". Mesmo não sendo nós juristas, a redação do articulado é clara e não nos oferece dúvidas de interpretação: não podendo ser na Luz, o jogo deveria disputar-se em Barcelos. Só que o Benfica, a quem cabe, na situação de visitado, a organização da partida, borrifou-se para o regulamento e marcou, unilateralmente, o jogo para o Restelo. Além da “falta de respeito” que o Gil Vicente alega, somos levados a pensar que a o Benfica escolheu o estádio do Belenenses devido ao mau relacionamento entre este clube e os minhotos, na sequência do “caso Mateus”, que atitou os gilistas para a II Liga, repescando os azuis para disputarem, em seu lugar, o campeonato principal.

Mas enfim, que o Benfica queira fazer o que lhe apetece, ainda é como o outro. Que a Liga de Clubes deixe, é que já está mal. Para ajudar à festa, o organismo responsável pelo Futebol profissional em Portugal defendeu-se dizendo, à Lusa, que “aceitou alterar a receção do Benfica ao Gil Vicente, para o Estádio do Restelo, para salvaguardar os interesses dos intervenientes”. 

Fica por saber a que “interesses” e a que “intervenientes” a Liga se refere. Mas ficamos cientes de uma coisa: aparentemente, o regulamente que a própria Liga criou é contrária a esses interesses.

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