A Taça da Brincadeira
teve jogos disputados neste fim-de-semana – jogava-se o acesso às meias finais
da competição. Além da polémica que se instalou por um jogo ter começado 2’48’’
depois de outro, assunto que deixamos mais para a frente, há um tema que
ressalta: metade dos jogos não teve sequer um milhar de espetadores.
Em Paços de Ferreira, onde a equipa local e o Vit. Setúbal
ainda lutaram por um lugar na fase seguinte, a partida teve uma assistência de
menos de mil pessoas. No outro jogo do grupo, nem a visita à Covilhã do primodivisionário
Rio Ave significou uma casa razoável: apenas 447 pessoas assistiram ao jogo. Em
Matosinhos, os tradicionalmente aguerridos adeptos do Leixões foram pouco
numerosos: cerca de 750 assistiram à vitória do Nacional. Em Aveiro, capital de
distrito e uma das mais importantes cidades do País, o Beira-Mar recebeu o europeu Esoril Praia e teve uma assistência vergonhosa: 100 (cem, por extenso para que não haja dúvidas) pessoas.
As pessoas deixaram de gostar de Futebol? Claro, isso é uma
evidência que só meia-dúzia de equipas e algumas competições ainda mascaram. Não
está neste caso, é óbvio também, a Taça da Liga, uma prova que tarda, com
claras culpas para o seu promotor (Liga de Clubes), a afirmar-se. Eis três
razões fundamentais razões:
- Modelo de competição: desde há muito defendemos que em
qualquer competição os competidores devem entrar, tanto quanto possível, em
igualdade de circunstâncias. Isso não acontece na Taça da Liga, onde as
melhores equipas são vergonhosamente beneficiadas – além de entrarem em
competição mais tarde, beneficiam ainda de disputar mais jogos em casa do que
fora, numa situação claramente injusta. Uma prova que seguisse o mesmo modelo
da Liga dos Campeões seria o mais indicado, com uma eliminatória prévia, uma
fase de grupos (a duas voltas) e jogos a eliminar.
- Prestígio: quanto vale a Taça da Liga? Que benefícios,
práticos ou teóricos, representa para quem a ganha? Muito poucos. A atribuição direta
de um lugar na Liga Europa ao vencedor da Taça da Liga faria com que a
competição fosse imediatamente olhada de maneira diferente, quer pelos clubes participantes quer pelos adeptos.
- Calendário: até agora, a Taça da Liga joga-se a
conta-gotas. Um jogo aqui, outro além, quase sempre a meio da semana. Seria
importante que os jogos se realizassem todos na mesma data (com possível
antecipação de um, para o dia anterior). O espetador e adepto ganharia identificação
com a prova. Nos moldes atuais, nunca sabe quando os jogos têm lugar.
Agora a rábula dos três minutos. Não foi, evidentemente, por
ter começado o seu jogo depois do Sporting ter começado o dele, que o F.C.
Porto ganhou ao Marítimo e, automaticamente, qualificou-se para as
meias-finais. O F.C. Porto qualificou-se porque marcou mais golos do que o
Sporting. E fê-lo, com certeza, quando pôde.
Já a Liga de Clubes – sempre ela... – fica muito mal na
fotografia. E nem adianta “recusar qualquer responsabilidade no atraso do
jogo”. É que se não tem responsabilidade no atraso do F.C. Porto – Marítimo,
deveria, pelo menos, ter previsto mecanismos para que o Penafiel – Sporting começasse à mesma hora do outro jogo em que tudo se decidia. E por certo que nem penafidelenses nem sportinguistas
teriam levado a mal começar a jogar três minutos depois da hora.
Mas a Liga de Clubes é assim: de um amadorismo gritante e confrangedor.
Tanto que, ao contrário do que deveria acontecer, ainda leva mais adeptos para
fora dos estádios.
Taça da Brincadeira? Eu acho que é outra coisa: Liga da Brancadeira. A entidade organizadora é que não tem pés e, muito menos, cabeça!
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