Foi esta semana anunciada a suspensão de 60 dias aplicada ao
presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, por críticas à arbitragem. A 28 de
setembro, comentando as incidências do Benfica-Belenenses, o presidente do
clube da Luz disse que “para não ver um fora-de-jogo daqueles, o árbitro ou é
cego ou não tem competência”. Sem que se fique a saber se o árbitro era,
afinal, uma coisa ou outra, a Comissão de Disciplina da FPF decidiu suspender o
dirigente. Que tenha levado seis-meses-seis para tomar uma decisão sobre as
declarações de Luís Filipe Vieira é caso para dizer que a justiça federativa é
lenta ou não tem competência.
A suspensão aplicada ao líder do Benfica impede-o, entre
outras coisas, de discursar em qualquer ocasião na qualidade de presidente,
assim como de conceder entrevistas. A notícia é boa em si: durante dois meses,
o ar andará menos poluído, isento das atoardas de Luís Filipe Vieira. Diria o mesmo de qualquer outro dirigente de clube, porque, como já aqui defendemos, a maioria dos
presidentes não são flor que se cheire.
Mas o castigo ao presidente do Benfica levanta a questão da
liberdade de expressão, conquistada vai fazer 40 anos. É uma das mais preciosas
conquistas do 25 de abril e está garantida na Constituição da República. No
capítulo dedicado a Direitos, liberdades e garantias pessoais, o artigo 37º da
lei fundamental diz claramente que “todos têm o direito de exprimir e divulgar
livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro
meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos
nem discriminações”. A Constituição acrescenta que “o exercício destes direitos
não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo ou forma de censura”.
Que o Futebol português tenha as suas próprias leis, ainda
dou de barato. Que essas leis contrariem a lei fundamental do País é que não
aceito, porque estaríamos numa República das Bananas. Nesse sentido, faz bem
Luis Filipe Vieira em reclamar (embora com fundamentos diferentes) do castigo
que lhe foi aplicado. Mesmo que continue a poluição sonora com os seus dislates.
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