Desenquadradas do ambiente. É, naturalmente, uma boa maneira
de se vedar a entrada a alguém. Sobretudo se for preto, como é o caso de Nélson
Évora, português de origem cabo-verdiana, e de Francis Obikwelu, português de
origem nigeriana. Pouco importa se representam Portugal nos Jogos Olímpicos;
pouco importam se aí ganham medalhas em nome de Portugal. Podem não estar desenquadrados
nos Olímpicos, mas estão-no na Urban Beach. Porque são pretos. E ainda por cima
aparecem em grupo…
Portugal (e o resto do Mundo, claro) está ainda muito longe
de reconhecer os mesmos direitos a todos os cidadãos. É certo que nunca houve
escolas ou autocarros para brancos e outros para pretos, mas o racismo existe.
Com o passar dos anos, há uma tendência para aceitar a diferença (pode ser a
cor, a orientação sexual, a religião…), mas de vez em quando aparecem uns urban
bitches quaisquer com comportamentos que são condenáveis há muito. Eu diria
mesmo, desde sempre.
Os próprios atletas que agora se afirmam vítimas têm um
discurso digno de registo. Obikwelu diz que “primeiro até reagimos bem, quando
nos disseram que eram demasiados pretos no grupo. Depois percebemos que era a
sério e protestámos, porque até tínhamos feito uma marcação”. A meu ver, o
racismo é sempre inaceitável, com ou sem marcação, mas isso sou eu que digo,
porque o Francis, aparentemente, pensa de forma diferente.
A denúncia deste e de outros casos permite sensibilizar a
sociedade para as injustiças. É o único lado bom (?) desta triste história.
Sem comentários:
Enviar um comentário