Em virtude de um processo pouco claro que envolve o Arouca e
a Câmara Municipal, o clube que este ano se estreou na I Liga vai ser obrigado
a receber os seus adversários fora de casa até ao final do campeonato. Os
arouquenses vêem-se assim obrigados a jogar em Aveiro, primeiro com o Benfica,
já amanhã, e depois com o Gil Vicente, na jornada 29.
O conflito entre o Arouca e a autarquia aparece na pior
altura para o clube e para a população local que estaria a esta hora a fazer
contas à visita do Benfica, sobretudo, facto que seria inédito e que por certo
mobilizaria a sociedade civil e o comércio local. É pena que o jogo tenha de
ser deslocado mais de 50 quilómetros – muitas pessoas que gostariam de ir ver,
não poderão fazê-lo. Mesmo se o Arouca tem a manutenção praticamente garantida,
esta seria uma oportunidade única para muita gente ver o Benfica, ainda
por cima num jogo que pode marcar a consagração dos encarnados como campeões
nacionais.
Acredito que a direcção do Arouca não esteja muito
preocupada: afinal, o litígio com a Câmara constitui uma “oportunidade de
negócio”, porque o Municipal de Aveiro vai ter a lotação praticamente esgotada,
garantindo uma receita muitas vezes superior àquela que o clube obteria se
recebesse o Benfica no seu estádio.
Como fenómeno de massas, o Futebol passou a ser aquilo que
muitos consideram uma indústria. Era
uma inevitabilidade, por muito que custe ao adepto comum. Ontem, as direções de clube queriam atrair espetadores aos
estádios, para garantir receitas. Hoje, salvo casos muito excepcionais, como a
visita de um Benfica a um qualquer Arouca, as receitas são conseguidas através
da venda dos jogos à televisão, pouco importando se isso retira espetadores dos
estádios. E, no entanto, os espetadores faziam parte do espetáculo, alegravam-no,
e pagavam-no.
Antigamente era assim. Hoje, o papel que é reservado aos espetadores
é bem mais passivo e resume-se, quase exclusivamente, ao pagamento de uma
mensalidade a canais de televisão por cabo.
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