A vitória sobre o Rio Ave foi mais um passo para o título de Campeão
que só a Matemática ainda não reconhece ao Benfica. Mas, passo a passo,
encarrega-se de confirmar outras coisas e uma delas não é de somenos importância:
a quatro jornadas do final, o F.C. Porto ficou afastado do título. Desde
1975/76 que os dragões não ficavam tão cedo arredados da disputa pelo primeiro
lugar. Data dessa época o início do trabalho de Pinto da Costa no Departamento
de Futebol e foi nessa altura que o F.C. Porto começou a preparar o
bi-campeonato de 1977/78 e 1978/79 e a hegemonia que, desde então, tem tido sobre
o Futebol português e que levaram à conquista de 22 Campeonatos.
Que o F.C. Porto não seja Campeão é uma notícia quase tão invulgar
como a vitória do Benfica. Mas se a vitória dos encarnados é justa (justíssima,
até), não é menos verdade que o F.C. Porto começou cedo a dar facilidades aos
seus opositores. Antes mesmo de a equipa começar a colecionar derrotas em
campo, foi o seu presidente, como aqui escrevi em junho do ano passado, que foi
incapaz de garantir condições para que a clube continuasse a ganhar. A saída de
Vítor Pereira, treinador que conseguiu resultados extraordinários na I Liga (em
dois anos perdeu apenas um jogo, numa partida que correu mal ao F.C. Porto e
ainda pior à equipa de arbitragem) e, sobretudo, de João Moutinho, abalaram a
equipa que nunca mais se recompôs.
Estará Pinto da Costa em final de linha? Do Dragão dizem que
não, mas as dúvidas são cada vez mais persistentes. E não é só Pinto da Costa –
é toda a estrutura profissional do clube que falha, como se viu na rábula da
inscrição de Ricardo Quaresma, contratado, convocado para jogar e desconvocado
porque a inscrição, afinal, não tinha sido processada atempadamente. O que me
levou a dizer, aqui também, que se calhar o F.C. Porto já não é o que era, porque
às falhas no campo, da exclusiva responsabilidade da equipa técnica e dos
jogadores, somava-se aquela falha de “gestão administrativa”.
No próximo defeso seguirei com muita atenção a escolha da
equipa técnica e a formação do plantel azul e branco. Talvez Pinto da Costa e
seus pares sejam capazes de tirar da cartola o coelho de que o clube precisa,
mas o último ano não augura nada de bom. E, paradoxalmente, a Taça de Portugal,
a mal-amada Taça da Liga e a Liga Europa ainda podem vir enriquecer as vitrinas
do F.C. Porto. A Supertaça, essa, já lá mora.
Bela crise!
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