A Liga de Clubes anunciou ter aceitado a candidatura do
Boavista à próxima edição do campeonato, depois de aprovar toda a documentação apresentada
pelos boavisteiros, em particular os requisitos financeiros. Fica assim confirmado
o alargamento de 16 para 18 clubes no campeonato da próxima época. Se a
reintegração do Boavista na Liga dá cumprimento a uma questão legal – independentemente
de a justiça ter sido feita ou não – parece-me extemporâneo o anúncio do
alargamento.
O Boavista desceu “administrativamente” à II Liga em 2008,
condenado por coação sobre árbitros no âmbito do processo “Apito Dourado”.
Seguiram-se seis anos a disputar a II Liga, a II Divisão B e, já esta época, o
Campeonato Nacional de Seniores. Em Portugal, o Futebol é o que é (e a Justiça)
e a reintegração foi entretanto imposta pelos tribunais e passou a depender
apenas de os boavisteiros cumprirem os tais requisitos financeiros. Coisa que,
aparentemente, foi agora feita.
Mas nenhum tribunal “decretou” o alargamento. Isso já foi
obra da Liga e da Federação Portuguesa de Futebol. Que poderão muito bem ter-se
precipitado na decisão.
Há tempos, apareceu nos jornais a notícia de uma
investigação, levada a cabo pela Polícia Judiciária, sobre o eventual suborno a
jogadores da Naval 1º de Maio e do Santa Clara. A PJ conclui que vários
jogadores daqueles clubes terão sido aliciados para facilitarem a subida do
Moreirense à Liga. Como consequência, o Ministério Púbico acusou de corrupção o
filho do presidente do Moreirense, um vice-presidente do clube e três
futebolistas. Os factos remontam a 2011/12, foram noticiados há cerca de um
ano, mas, desde então, nada mais veio a público.
Atualmente, quando faltam cinco jornadas para o campeonato da
II Liga terminar, o Moreirense lidera a Liga de Honra e, se o campeonato
terminasse agora, subiria de divisão (com o Penafiel). Com a vantagem de que
dispõe, é muito provável que a equipa de Moreira de Cónegos volte ao convívio
dos grandes no próximo ano.
Mas: recordo que a pena prevista para a prática de corrupção
é a descida de divisão. Não sei se o caso que envolve o Moreirense está
encerrado e se foram afastadas todas as suspeitas que incidiam sobre os seus
dirigentes. Mas era bom que as coisas fossem esclarecidas o quanto antes,
porque pode estar a admitir-se na Liga um clube que virá a ser penalizado com a
despromoção. Se isso acontecesse – e eu sei que o “se”, aqui, tem um peso muito
grande – o Boavista poderia pura e simplesmente tomar o lugar do Moreirense e a
Liga continuar com apenas 16 clubes, que muitos consideram ser já um número
exagerado para o nosso país.
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