Até há dias, nunca tinha ouvido falar de Catarina Borges, a
velejadora à volta de quem estalou a polémica que levou a Missão Olímpica
portuguesa a retirar-lhe a credencial atribuía a todos os atletas acreditados
para os Jogos.
Preparava-me para seguir, à distância, o seu desempenho nas
Olimpíadas quando soube da notícia do seu afastamento “por razões pessoais e de
saúde”. No início, a especulação dos jornalistas falava da eventualidade de um
caso de indisciplina ou de doping.
Mas não é isso que me faz escrever estas linhas, e sim o
tratamento a que a atleta tem sido sujeita.
Num ápice, e sem se saber ainda o que tinha de facto
acontecido, Catarina Borges passou de portuguesa a luso-brasileira. Note-se que
o conceito de dupla nacionalidade não existe nos Jogos Olímpicos, onde impera a
“mono-nacionalidade”. Na cerimónia protocolar de entrega de medalhas, toca
apenas um hino, independentemente de o atleta vencedor ser nacional “de cepa”
ou ter adquirido a nacionalidade, como é cada vez mais comum. Em concreto: no
caso de Catarina Borges, se ela tivesse competido, teria sido em representação
de Portugal e seria “A Portuguesa” a ser tocada caso se ela tivesse ganho a
respetiva competição. Portugal teria recebido os louros, tal como o fez quando
Francis Obikwelu ganhou a sua medalha. E nunca ele foi tratado por
luso-nigeriano…
Mas agora trata-se de uma situação supostamente embaraçosa
e, como tal, o melhor é afastarmo-nos da atleta, chamando-a de luso-brasileira.
Mas foi-se mais longe ainda: na imprensa de hoje, Catarina
Borges ganhou um apelido, antes desconhecido, pelo menos para mim. A velejadora
chama-se agora Carolina Borges-Mendelblatt, nome com pouca sonoridade lusófona.
Não sei onde os jornais foram buscar a apelido até agora omitido, mas não
tardará muito e vai haver quem a não considere portuguesa de todo…
Vai uma aposta?
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