quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vai uma aposta?

Até há dias, nunca tinha ouvido falar de Catarina Borges, a velejadora à volta de quem estalou a polémica que levou a Missão Olímpica portuguesa a retirar-lhe a credencial atribuía a todos os atletas acreditados para os Jogos.

Preparava-me para seguir, à distância, o seu desempenho nas Olimpíadas quando soube da notícia do seu afastamento “por razões pessoais e de saúde”. No início, a especulação dos jornalistas falava da eventualidade de um caso de indisciplina ou de doping.

Mas não é isso que me faz escrever estas linhas, e sim o tratamento a que a atleta tem sido sujeita.

Num ápice, e sem se saber ainda o que tinha de facto acontecido, Catarina Borges passou de portuguesa a luso-brasileira. Note-se que o conceito de dupla nacionalidade não existe nos Jogos Olímpicos, onde impera a “mono-nacionalidade”. Na cerimónia protocolar de entrega de medalhas, toca apenas um hino, independentemente de o atleta vencedor ser nacional “de cepa” ou ter adquirido a nacionalidade, como é cada vez mais comum. Em concreto: no caso de Catarina Borges, se ela tivesse competido, teria sido em representação de Portugal e seria “A Portuguesa” a ser tocada caso se ela tivesse ganho a respetiva competição. Portugal teria recebido os louros, tal como o fez quando Francis Obikwelu ganhou a sua medalha. E nunca ele foi tratado por luso-nigeriano…

Mas agora trata-se de uma situação supostamente embaraçosa e, como tal, o melhor é afastarmo-nos da atleta, chamando-a de luso-brasileira.

Mas foi-se mais longe ainda: na imprensa de hoje, Catarina Borges ganhou um apelido, antes desconhecido, pelo menos para mim. A velejadora chama-se agora Carolina Borges-Mendelblatt, nome com pouca sonoridade lusófona. Não sei onde os jornais foram buscar a apelido até agora omitido, mas não tardará muito e vai haver quem a não considere portuguesa de todo…

Vai uma aposta?

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