Sérgio Ribeiro, ciclista da Louletano, foi suspenso por 12
anos pelo Conselho de Disciplina da Federação da modalidade, por alegadas
irregularidades no passaporte biológico. O castigo é pesado porque Sérgio
Ribeiro é reincidente: já em 2007, na altura quando corria pelo Benfica, tinha
sido despedido pela equipa e suspenso por dois anos por ter acusado um produto
dopante. Para um ciclista com 32 anos de idade, como é o caso, a pena de agora
equivale a uma condenação à morte (desportiva, entenda-se).
Já aqui escrevi, por mais do que uma vez, e ainda
recentemente o fiz novamente, o que penso relativamente aos regulamentos anti
doping. Contrariamente ao que diz, no Record de hoje, o diretor da Volta a
Portugal, Joaquim Gomes, que afirma que “a suspensão de Sérgio Ribeiro (…) quer
dizer que o sistema anti doping funciona”, penso que a condenação do atleta
prova precisamente o contrário: a total e absoluta ineficácia dos programas
antidopagem. Aliás, também na edição de hoje do Record, mas numa página
diferente, é destacada uma frase do ex-ciclista Erik Zabel: “para viver o meu
sonho dopei-me durante ano”. E nunca foi apanhado.
Falando apenas e só do Ciclismo e correndo o risco de
generalizar: hoje mais do que nunca, não se pode dizer que o pelotão esteja
dividido entre aqueles que tomam produtos proibidos e aqueles que não o fazem.
Talvez se possa dizer com mais propriedade que por um lado há os que são
apanhados, e duramente castigados, como acontece agora com Sérgio Ribeiro; por
outro lado, os que não são apanhados.
Seria bom que a Sociedade entendesse esta análise e deixasse
de exigir aos ciclistas que pedalem mais depressa, subam montanhas mais
inclinadas, se levantem e subam para a bicicleta após uma queda e
continuem a pedalar em direção à meta. Seria bom as autoridades anti dopagem
despenalizassem o doping e investissem um pouco mais na informação e na
sensibilização – de todos os agentes, começando pelos ciclistas e
patrocinadores até aos simples espetadores – de que mais vale fazer médias mais
baixas e andar “limpinho” do que bater recordes e andar intoxicado.
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