Penso que a maior parte dos sócios e simpatizantes adopta as
cores de determinado clube influenciado por aquilo que a equipa – no seu todo –
faz e por o que fazem as suas maiores individualidades. No caso do Sporting,
quantas pessoas não passaram a gostar do clube pelas vitórias de Alfredo
Trindade no Ciclismo? Quantos sócios não valeu cada um dos Cinco Violinos? Que
peso tiveram, Carvalho, Joaquim Agostinho (este também no Ciclismo,
obviamente), Damas, Manuel Fernandes e Jordão? E, depois deles, Jardel, Acosta,
João Pinto? Colocar a(s) pergunta(s), é responder-lhe(s). Ter uma equipa
ganhadora ajuda, mas, mais do que isso, a identificação que podemos criar com
determinada figura é que nos faz simpatizar com este ou aquele clube.
No Sporting, acredito que principalmente por razões
económicas e financeiras, não tem sido possível manter por muitos anos
jogadores que se afirmem com um mínimo de qualidade – essa também é
imprescindível – e que se tornem símbolos do clube. João Moutinho foi-o durante
algum tempo, mas depois da sua saída, ficou o deserto, com apenas um oásis: Rui
Patrício.
Mesmo não sendo eu sportinguista, tenho poucas dúvidas
relativamente a uma coisa: muito do futuro do Sporting, clube tão ameaçado nos
últimos tempos, joga-se com Rui Patrício. Se sair por um valor condizente com o
seu estatuto de titular da Seleção de Portugal, o Sporting faz um bom negócio e
alivia a tensão da corda que lhe aperta a garganta. Se não conseguir esse
negócio, deve manter o jogador por tudo quanto ele representa em termos de
valor desportivo e (chamemos-lhe) cultural para o clube.
Por isso, Bruno de Carvalho faz bem em resistir às ofertas,
muito baixas, para vender ao desbarato o seu melhor ativo.
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