Que Bruno de Carvalho queira sentar-se no banco de
suplentes, ainda vá-que-vá. É um direito de que lhe assiste e de que outros
(presidentes de clubes) também fazem ou já fizeram uso. Há muito que não se via
isso entre os clubes maiores, mas não é inédito. Não podemos é concordar que o
presidente passe por cima do treinador – que ele próprio escolheu – para definir
listas de convocados. Isso é, de todo, inaceitável.
Ao que a imprensa desportiva conta, Bruno de Carvalho afastou Zakaria Labyad dos jogadores convocados por Leonardo Jardim para o Torneio do Guadiana. Presume-se que o treinador tinha convocado o jogador porque contava com ele, porque o julgava útil para a equipa. Ou seja: a iniciativa presidencial de afastar o atleta enfraquece a equipa e diminui-lhe a capacidade competitiva, penalizando-a desportivamente.
Se, do ponto de vista exclusivamente desportivo, a decisão
de Bruno de Carvalho é criticável, também me parece discutível do ponto de
vista negocial. Labyad não vai jogar, não vai “mostrar-se” a potenciais
interessados na sua compra, não vai, portanto, valorizar-se. O presidente
sportinguista está a fazer com o jogador a mesma coisa que o Benfica está a
fazer com Cardozo (e este caso merecerá um outro post da nossa parte), mas
sinceramente duvido que obtenham, um e outro, algum benefício com esta postura.
Há ainda um outro fator que considero importante referir: a
ingerência do presidente em assuntos de caráter técnico não augura nada de bom
para Leonardo Jardim. A posição do treinador sai claramente fragilizada,
porque, daqui para a frente poderemos sempre perguntar de quem é a responsabilidade
pela convocatória dos jogadores. E, se quisermos ir mais longe – é apenas um
pequeno passo – também podemos perguntar quem monta a tática e faz as
substituições.
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