segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O vaso

Às flores que ainda há dias aqui mandei a Bruno de Carvalho, segue-se, agora, o vaso. O presidente do Sporting tem tentado por ordem numa casa que ameaça(va) ruir e os adeptos do clube encaram com otimismo o início “a doer” da época futebolística. A forma como o clube resiste ao mercado no caso Rui Patrício é digno de elogio e mereceu as flores. A decisão do presidente afastar Labyad da equipa, por este ter supostamente um salário demasiado elevado, merece-lhe agora o vaso.

Que Bruno de Carvalho queira sentar-se no banco de suplentes, ainda vá-que-vá. É um direito de que lhe assiste e de que outros (presidentes de clubes) também fazem ou já fizeram uso. Há muito que não se via isso entre os clubes maiores, mas não é inédito. Não podemos é concordar que o presidente passe por cima do treinador – que ele próprio escolheu – para definir listas de convocados. Isso é, de todo, inaceitável.

Ao que a imprensa desportiva conta, Bruno de Carvalho afastou Zakaria Labyad dos jogadores convocados por Leonardo Jardim para o Torneio do Guadiana. Presume-se que o treinador tinha convocado o jogador porque contava com ele, porque o julgava útil para a equipa. Ou seja: a iniciativa presidencial de afastar o atleta enfraquece a equipa e diminui-lhe a capacidade competitiva, penalizando-a desportivamente.

Se, do ponto de vista exclusivamente desportivo, a decisão de Bruno de Carvalho é criticável, também me parece discutível do ponto de vista negocial. Labyad não vai jogar, não vai “mostrar-se” a potenciais interessados na sua compra, não vai, portanto, valorizar-se. O presidente sportinguista está a fazer com o jogador a mesma coisa que o Benfica está a fazer com Cardozo (e este caso merecerá um outro post da nossa parte), mas sinceramente duvido que obtenham, um e outro, algum benefício com esta postura.

Há ainda um outro fator que considero importante referir: a ingerência do presidente em assuntos de caráter técnico não augura nada de bom para Leonardo Jardim. A posição do treinador sai claramente fragilizada, porque, daqui para a frente poderemos sempre perguntar de quem é a responsabilidade pela convocatória dos jogadores. E, se quisermos ir mais longe – é apenas um pequeno passo – também podemos perguntar quem monta a tática e faz as substituições.

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