sábado, 27 de abril de 2013

O Manel

A imprensa tem avançado nos últimos dias o despedimento de Manuel Fernades do Sporting. A notícia entristece-me.

Já se sabe que, ontem como hoje, a gratidão e o reconhecimento são palavras vãs para a grande maioria dos dirigentes clubísticos. Está agora a acontecer a Manuel Fernandes o que antes aconteceu a outras grandes figuras do clube de Alvalade – e de outros clubes também, claro. Lembremo-nos de Vítor Damas, por exemplo, a quem familiares e amigos mais próximos retiraram a bandeira sportinguista que cobria a urna em que foi a sepultar.

Cresci a admirar Manuel Fernandes. Pelos golos que marcava, claro, mas sobretudo por ter vestido a camisola do seu clube e mantê-la envergada mesmo quando foi proscrito uma primeira vez em Alvalade e passou a representar o Vit. Setúbal. A sua fidelidade ao Sporting manteve-se tal como se manteve – e creio ainda manter-se – o carinho dos adeptos que esses, na sua esmagadora maioria, não são ingratos.

Manuel Fernandes voltou e saiu do Sporting várias vezes, mantendo o seu sportinguismo intocável. Quando há meses regressou pela última vez, assumiu publicamente que se tratava de um sonho tornado realidade e acrescentou que gostaria de terminar a sua carreira – agora como dirigente – no clube a quem tantas vitórias deu.

A direcção de Bruno de Carvalho, recentemente eleita, quer varrer a casa, diminuir custos, viabilizar o clube financeiramente. Nada contra: o Sporting é – sempre foi – um grande clube e tudo deve ser feito para se lhe assegurar o futuro. Sobretudo por quem tem a legitimidade, adquirida nas urnas, para o fazer.

Mas o futuro do Sporting não depende certamente de Manuel Fernandes, que até terá demonstrado disponibilidade para passar a receber metade do vencimento que auferia. Eu não tenho dúvidas: se o Manel sair, o Sporting perde uma das suas maiores referências, fica mais pobre e, automaticamente, com menos possibilidades de assegurar a sua sobrevivência.

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