Já se sabe que, ontem como hoje, a gratidão e o
reconhecimento são palavras vãs para a grande maioria dos dirigentes
clubísticos. Está agora a acontecer a Manuel Fernandes o que antes aconteceu a
outras grandes figuras do clube de Alvalade – e de outros clubes também, claro.
Lembremo-nos de Vítor Damas, por exemplo, a quem familiares e amigos mais
próximos retiraram a bandeira sportinguista que cobria a urna em que foi a
sepultar.
Cresci a admirar Manuel Fernandes. Pelos golos que marcava,
claro, mas sobretudo por ter vestido a camisola do seu clube e mantê-la
envergada mesmo quando foi proscrito uma primeira vez em Alvalade e passou a
representar o Vit. Setúbal. A sua fidelidade ao Sporting manteve-se tal como se
manteve – e creio ainda manter-se – o carinho dos adeptos que esses, na sua
esmagadora maioria, não são ingratos.
Manuel Fernandes voltou e saiu do Sporting várias vezes,
mantendo o seu sportinguismo intocável. Quando há meses regressou pela última
vez, assumiu publicamente que se tratava de um sonho tornado realidade e acrescentou
que gostaria de terminar a sua carreira – agora como dirigente – no clube a
quem tantas vitórias deu.
A direcção de Bruno de Carvalho, recentemente eleita, quer
varrer a casa, diminuir custos, viabilizar o clube financeiramente. Nada
contra: o Sporting é – sempre foi – um grande clube e tudo deve ser feito para se
lhe assegurar o futuro. Sobretudo por quem tem a legitimidade, adquirida nas
urnas, para o fazer.
Mas o futuro do Sporting não depende certamente de Manuel
Fernandes, que até terá demonstrado disponibilidade para passar a receber
metade do vencimento que auferia. Eu não tenho dúvidas: se o Manel sair, o
Sporting perde uma das suas maiores referências, fica mais pobre e,
automaticamente, com menos possibilidades de assegurar a sua sobrevivência.
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