A história tem pouco mais de um ano. Durante todo esse tempo
aguardei, pacientemente, que o protagonista me desse uma oportunidade para a
contar. Esperava um golo decisivo, um golo de bandeira, uma chamada à selecção,
de que, aliás, chegou a falar-se. Esperava, enfim, um momento alto na carreira,
que pudesse amenizar as palavras duras que refreei durante meses.
A oportunidade surgiu agora, mas não pelos melhores motivos.
David Simão é um jovem e talentoso jogador do Benfica, que
este ano o emprestou ao Marítimo. Já no ano passado o atleta havia sido
emprestado, dessa vez à Académica. A história que hoje conto é dessa altura,
quando, já em final de temporada, a Briosa se afundava perigosamente na
classificação. O espectro de descida de divisão fez com que uma atmosfera de
angústia se instalasse entre os adeptos.
Foi nesse ambiente que David Simão teve um jantar com amigos
e colegas de equipa. Confrontado com a possibilidade da equipa descer, o
jogador disparou: “Quero que se _oda. Para o ano não estou cá e não!...”
Além de caraterizar uma enorme falta de profissionalismo,
estas palavras revelam também completo desrespeito pelos seus colegas de
trabalho e pelos sócios, adeptos e simpatizantes do clube que o acolheu. Razão
que me levou a pensar que com aquele tipo de atitude, o jogador, por mais
talentoso que seja, não iria longe.
Agora foi o Marítimo, que lhe fechou a porta. Amanhã quem
será?
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