domingo, 12 de maio de 2013

O Professor Pardal

Lembram-se dele, figura criada para a Walt Disney? Claro que sim, era o inventor mais famoso de Patópolis, amigo de Mickey, Pateta, do Pato Donald e do Tio Patinhas. Ontem, foi nele que pensei quando li que Jorge Jesus preparava uma surpresa tática para o jogo no Dragão, onde se apresentou com apenas um avançado, num sistema de 4x2x3x1.

Independentemente de uma surpresa deixar de o ser a partir do momento em que é anunciada, lembrei-me de outras invenções de Jorge Jesus, como a adaptação de David Luiz a defesa-esquerdo no jogo em que o F.C. Porto bateu o Benfica por 5-0. Se a equipa da Luz tinha ganho vantagem no campeonato com um plano tático de 4x1x3x2, por que haveria Jesus de inventar um sistema novo a apenas duas jornadas do fim? E por que haveria ele de lançar o defesa Roderick Miranda no jogo, com ainda mais de 25 minutos para serem disputados, colocando a sua equipa e defender ainda mais quando é no ataque que o Benfica tem a sua maior força?

Já houve quem dissesse de Jorge Jesus que ele era a Paula Rego dos treinadores de Futebol. Para mim, está mais próximo do Professor Pardal. Tal como a personagem da Walt Disney, também Jesus tem inventos fabulosos, como Melgarejo, por exemplo. Mas as suas invenções não funcionam sempre da forma que ele espera.

2 comentários:

  1. O sistema que Jorge Jesus escolheu para o jogo de sábado não é, de todo, uma invenção. Foi o sistema base das últimas duas épocas, e mesmo nesta temporada, com Aimar ou Gaitán como criativos, muitas vezes foi utilizado.
    O problema, na minha opinião, é que o 4x4x2 habitual exige aos 2 médios centros um esforço enorme para equilibrar a equipa que, nesta altura da época (aqui culpo a gestão péssima e repetida de Jesus, ano apos ano) e perante um adversário como o FC Porto, pode não ser exequível. A situação ganha outros contornos, tendo em conta que o meio campo do Porto submete os adversários a uma pressão e uma intensidade de jogo única na 1a liga (Moutinho, Fernando, Lucho, Castro e Defour, combativos, estão preparados para jogar sempre a 100 á hora) . Como se o argumento acima referido não bastasse, O jogo interior do Porto é perigosíssimo. Para além dos três mosqueteiros , também James (e Izmaylov)buscam muito as diagonais para criar situaçoes de golo.

    Roderick, como JJ explicou, entrou para dar poder de choque a uma meio campo condicionado pelos cartões. Roderick, sem grandes rotinas de meio campo, parecia, todavia, melhor opção do que fazer entrar Melgarejo, obrigando a uma mudança na defesa (convencionalmente proibida em jogos decisivos empatados).

    Assim, Tini Tolo, admitindo outros erros de Jesus, entendo as opções tomadas. Não se pode ignorar no futebol, nunca, as particularidades do adversário, que tornam cada jogo um jogo. Tal como José Mourinho trabalha a sua equipa a cada semana (ou a cada 3 dias) a pensar apenas no próximo jogo, também Jorge Jesus deve tentar prever e precaver as condicionantes que pode encontrar a cada partida. Não estará Tini Tolo a generalizar, aludindo a erros (uns de palmatória, outros se calhar demasiados amplificados) do passado?

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    1. László:

      Obrigado pelo seu comentário, que é bem-vindo.

      Não posso discordar mais de si. Até ao jogo do Dragão, apenas por uma vez, à 16ª jornada, em Braga, o Benfica começou o jogo com o esquema tático que utilizou este sábado, com Lima, na frente. De resto, nos outros jogos houve Lima e Cardozo (13 vezes), Rodrigo e Lima (8) e Rodrigo e Cardozo (6).

      Também não concordo que traga Pablo Aimar para a discussão: o argentino tem sido sub-utilizado: apenas 13 vezes e só uma jogou 25 minutos (à 4ª jornada...); nos outros jogos fez sempre menos minutos...

      Parece-me que, além do que escrevi no post, a entrada de Cardozo quando já só dava Porto também é questionável. Seria mais lógico o lançamento de um jogador rápido que pudesse capitalizar no contra-ataque. Cardozo tem pouca mobilidade e como estava o jogo, só seria útil nas bolas paradas. Mas pronto, o paraguaio também não é uma invenção.

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