quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Haja coragem!

Tinga, que passou fugazmente pelo Sporting há cerca de dez anos, representa actualmente o Cruzeiro. A equipa brasileira deslocou-se recentemente ao Peru para defrontar o Real Garcilaso num jogo a contar para a fase de grupos da Taça Libertadores. A partida ficou marcada por cenas lamentáveis com os adeptos da equipa da casa a manifestarem atitudes racistas sempre que Tinga tocava na bola.

Nestas coisas, o resultado do jogo importa pouco. Importa mais o comportamento dos adeptos e a forma como as autoridades desportivas vão agora lidar com o assunto. É público que sempre que Tinga tocava na bola (entrou aos 66’), os adeptos do Real Garcilaso imitavam macacos. Após o jogo, Tinga, de 36 anos, teve uma das melhores jogadas da sua vida quando disse que “preferia não ter ganho todos os títulos da minha carreira e conquistar o título contra o preconceito desses atos racistas. Trocaria tudo por um mundo com igualdade entre todas as raças e classes”.

Nas redes sociais, foram muitos os jogadores brasileiros a solidarizarem-se com Tinga. Ronaldo, Ronaldinho, Neymar, Pato e David Luiz são apenas alguns exemplos. Jogdores, treinador e dirigentes da equipa peruana pediram desculpa e a própria presidente do Brasil, Dilma Roussef veio a público dizer que “foi lamentável. Acertei com a ONU e com a FIFA que o nosso Mundial será a Copa contra o racismo, porque o Desporto não deve ser jamais palco para o preconceito”. São, naturalmente palavras bonitas, mas que perdem sentido se não forem acompanhadas com penalizações concretas e severas ao clube a que pertencem os adeptos racistas. 

Em Portugal, na época passada, Nacional e Leixões foram obrigados a fazer um jogo à porta fechada, como pena por adeptos seus entoarem cânticos racistas. A “coisa” passou mas não deve ser esquecida. Parece-me, de qualquer maneira, que jogar à porta fechada não é castigo suficiente para os clubes de adeptos com este tipo de comportamento. Na minha opinião, deveria avançar-se para a perda de pontos dos clubes a que os adeptos pertencem e para a interdição destes frequentarem recintos desportivos. Assim haja coragem.

PS - A proibição de frequentar recintos desportivos deveria ser alargada àqueles que, sobretudo nas bancadas do Estádio do Dragão, incentivam a sua equipa lançando imprópérios às mães dos adeptos de um clube rival. De uma forma mais geral, também àqueles que parecem conhecer bem as mães dos árbitros...

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