A menos de uma reviravolta de última hora, e a fazer fé no
que a imprensa vem publicando de forma quase unânime, Vítor Pereira não será o
próximo treinador do F.C. Porto, clube que conduziu ao título de Campeão
Nacional nas duas últimas temporadas. Ao que parece, o treinador não terá aceitado
a proposta de Pinto da Costa para renovar contrato. A ser verdade, trata-se de
uma das poucas derrotas do histórico presidente dos dragões.
A saída anunciada de Vítor Pereira tem algo de inédito – ou,
pelo menos, de muito raro – na história recente do F.C. Porto: um treinador
campeão ir embora, apesar da vontade do clube em que ele continue. Sim, eu sei
que aconteceu o mesmo quando André Vilas-Boas disse adeus à sua “cadeira de sonho”,
mas aí, o F.C. Porto recebeu uma pipa de massa, o que não acontecerá agora, uma
vez que Vítor Pereira estava em final de contrato. Ou seja: o treinador que o
clube queria estava no clube, vai-se embora, e o clube não ganha nada com isso.
Só perde e, por isso, falarmos de uma derrota para Pinto da Costa.
Recorde-se que Vítor Pereira conseguiu resultados
extraordinários na I Liga. Em duas temporadas perdeu apenas um jogo, em
Barcelos, no início de 2011/12, numa partida que correu mal ao F.C. Porto e
ainda pior à equipa de arbitragem. É obra de que nenhum outro treinador se pode
gabar. Numa palavra, não será fácil substitui-lo.
Se eu fosse adepto ou simpatizante do F.C. Porto, estaria
muito preocupado com a próxima época, também pela saída de João Moutinho, o “coração”
da equipa. O ex-sportinguista garante coesão defensiva apoiando na zona
recuada, dá dinâmica ao meio-campo, abre espaços à frente de ataque, seria um
jogador completo se melhorasse a finalização. Não foi por acaso que durante a
sua curta ausência por lesão a equipa portista “abanou” no Campeonato e foi
eliminada, prematura e surpreendentemente, diga-se, da Champions League.
Se não será fácil encontrar substituto para Vítor Pereira,
encontrar alguém à altura de João Moutinho será ainda mais complicado.
Aliás, estou em crer que as ondas de choque da saída de
ambos, sobretudo a de João Moutinho, já se fazem sentir. É pura teoria, claro,
mas a renovação do Benfica com Jorge Jesus – ainda não é oficial, mas já
ninguém duvida dela – pode estar ligada à perceção que por certo os
responsáveis benfiquistas têm de que o grande rival ficará enfraquecido e “para
o ano é que é”.
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