quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ondas de choque

A menos de uma reviravolta de última hora, e a fazer fé no que a imprensa vem publicando de forma quase unânime, Vítor Pereira não será o próximo treinador do F.C. Porto, clube que conduziu ao título de Campeão Nacional nas duas últimas temporadas. Ao que parece, o treinador não terá aceitado a proposta de Pinto da Costa para renovar contrato. A ser verdade, trata-se de uma das poucas derrotas do histórico presidente dos dragões.

A saída anunciada de Vítor Pereira tem algo de inédito – ou, pelo menos, de muito raro – na história recente do F.C. Porto: um treinador campeão ir embora, apesar da vontade do clube em que ele continue. Sim, eu sei que aconteceu o mesmo quando André Vilas-Boas disse adeus à sua “cadeira de sonho”, mas aí, o F.C. Porto recebeu uma pipa de massa, o que não acontecerá agora, uma vez que Vítor Pereira estava em final de contrato. Ou seja: o treinador que o clube queria estava no clube, vai-se embora, e o clube não ganha nada com isso. Só perde e, por isso, falarmos de uma derrota para Pinto da Costa.

Recorde-se que Vítor Pereira conseguiu resultados extraordinários na I Liga. Em duas temporadas perdeu apenas um jogo, em Barcelos, no início de 2011/12, numa partida que correu mal ao F.C. Porto e ainda pior à equipa de arbitragem. É obra de que nenhum outro treinador se pode gabar. Numa palavra, não será fácil substitui-lo.

Se eu fosse adepto ou simpatizante do F.C. Porto, estaria muito preocupado com a próxima época, também pela saída de João Moutinho, o “coração” da equipa. O ex-sportinguista garante coesão defensiva apoiando na zona recuada, dá dinâmica ao meio-campo, abre espaços à frente de ataque, seria um jogador completo se melhorasse a finalização. Não foi por acaso que durante a sua curta ausência por lesão a equipa portista “abanou” no Campeonato e foi eliminada, prematura e surpreendentemente, diga-se, da Champions League.

Se não será fácil encontrar substituto para Vítor Pereira, encontrar alguém à altura de João Moutinho será ainda mais complicado.

Aliás, estou em crer que as ondas de choque da saída de ambos, sobretudo a de João Moutinho, já se fazem sentir. É pura teoria, claro, mas a renovação do Benfica com Jorge Jesus – ainda não é oficial, mas já ninguém duvida dela – pode estar ligada à perceção que por certo os responsáveis benfiquistas têm de que o grande rival ficará enfraquecido e “para o ano é que é”.

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