quarta-feira, 27 de março de 2013

Ridículo ao quadrado

O Vit. Guimarães joga daqui a pouco, no Restelo, frente ao Belenenses, a primeira mão da meia-final que apurará uma das equipas para a final da Taça de Portugal. No entanto, o que me motiva a escrever este post são razões diferentes, que não abonam nada a favor dos vimaranenses.

Ontem e hoje, duas notícias veiculadas pela imprensa prenderam a minha atenção. A primeira tinha a ver com o facto de a nomeação do árbitro Hugo Pacheco ter sido vista pelos minhotos “como uma provocação”. Um antigo vice-presidente do clube escreveu mesmo na sua página no Facebook que se tratava de “uma miserável provocação que não pode ficar sem resposta”. 

Tentei saber porquê.

A razão é, para mim, surpreendente: trata-se do mesmo árbitro que esteve no polémico jogo Vit. Guimarães B – Sp. Braga B que terminou extemporaneamente, com apenas oito minutos disputados, devido a uma violenta batalha entre as claques dos dois clubes. Ainda se desconhecem as consequências desportivas da suspensão do jogo. Aquilo que já se sabe é que o Vit. Guimarães foi castigado com uma pena que o obriga a disputar um jogo à porta fechada, o que ainda não aconteceu porque a direção vimaranense interpôs recurso daquela decisão.

De qualquer forma, no seguimento do jogo da equipa principal com o Benfica, durante o qual adeptos do clube da casa lançaram petardos para o relvado, o Vit. Guimarães foi punido com mais um jogo à porta fechada. Simultaneamente, alguém fez contas e chegou à conclusão que o mau comportamento dos adeptos – alguns adeptos, naturalmente – do Vit. Guimarães levou à imposição de multas que ascendem a cerca de 75.000 euro.

Ou seja: não contemos com os vimaranenses para darem lições de desportivismo, civismo ou simples boa edução a ninguém. 

O que torna ridícula a acusação de “miserável provocação” à nomeação de um árbitro que se limitou a decidir pela interrupção de um jogo para o qual não estavam reunidas as devidas condições de segurança.

Mas o ridículo não mata. De tal forma que, na imprensa de hoje, é o próprio presidente da direção do Vit. Guimarães, Júlio Mendes, a cair nele. Comentando a rescisão por justa causa (permito-me sublinhar a “justa causa”) de três jogadores que alegaram salários de quatro a cinco meses em atraso, o dirigente do clube minhoto disse que os futebolistas “demonstraram grande ingratidão”.

Parece impossível a lata de alguém que dirige um clube que não paga aos seus trabalhadores vir para a praça pública fazer-lhes acusações. Mais, dizer que o que os jogadores fizeram “foi muito feio. Agora quem os contratar já não paga direitos de formação. O clube ajudou-os a progredir, mas agora só pensaram neles e nem ajudam a pagar aos que cá ficam”.

Feio, feio mesmo, acho eu, é a entidade patronal não pagar aos seus trabalhadores.

7 comentários:

  1. László Almásy29/03/2013, 23:08:00

    Tini Tolo, petardos passam noutros estádios.Tal como centenas de bolas de golfe e, mesmo, galinhas... Penso não faltarem exemplos de transgressoes, a este nível, de adeptos que ficaram impunes. Neste caso, até jogos à porta fechada apanharam.
    Não serão também a FPF, PSP e os adeptos do SCB responsáveis pelos desacatos no jogo dos B? Foram a FPF e a PSP que limitaram o policiamento. Foram os adeptos do SCB que começaram com as provocaçoes, incendiando um setor do D. Afonso Henriques. Note que o mesmo grupo de adeptos reincidiu, contra o slb e scb B, e multas...nada.
    Assim sendo, compreendendo a crítica, pois realmente Hugo Miguel é alheio aos motivos de revolta, não acha estranho imporem puniçoes tão severas, comparando com casos semelhantes ou mais graves?
    Cumprimentos, László Almásy.

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    1. László,

      Obrigado pelo seu comentário.

      Receio não ter conseguido explicar-me devidamente. Note que o meu post foi acerca da reação do vice-presidente do Vit. Guimarães à "miserável nomeação" do árbitro e não ao lançamento dos petardos, ou bolas de golfe, ou seja o que for e que é reprovável em qualquer campo, embora tenha de facto havido alguns que ficaram impunes. De qualquer forma, em Portugal e em competições profissionais, creio ser a primeira vez que há uma condenação deste género: jogos à porta fechada. E campos interditados já não acontece há largos anos...

      Outra coisa: discordo de si quando estranha a severidade da punição quando comparados casos semelhantes. Pelo contrário, aquilo que eu estranho é a falta de dureza noutros casos, isso sim.

      Um abraço.

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    2. Percebi o propósito do post, mas procurei perceber a sua opinião relativamente aos antecedentes mencionados, que, na minha opinião, foram um pouco negligenciados pela comunicação social. Talvez os dirigentes do VSC tenham, também, a sua cota de responsabilidade nisso. Confesso que, como admirador do Vitória SC e da massa adepta vitoriana, aquele 5º parágrafo me tenha espevitado para comentar.

      Estranho a severidade da punição precisamente por conhecer o status quo da situação, em Portugal. Eu, tal como Tini Tolo, concordo que se deva manter o pulso firme no que toca a estas situaçoes que poem em causa a segurança quer dos intrevinientes, quer da assistencia. Então, lamento que em casos passados isso não se tenha verificado.

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    3. László,

      Mais uma vez obrigado pelo seu comentário.

      Estive a reler o que escrevi no post. A parte onde digo que "não contemos com os vimaranenses para darem lições de desportivism o, civismo ou simples boa edução a ninguém" deve ligar-se à frase e parágrafo anterior onde deixo claro que se trata apenas de "alguns adeptos". Não generalizei, nem podia fazê-lo, até por ter amigos entre os adeptos vimaranenses e reconhecer-lhes um comportamento cívico e desportivo exemplar.

      Contudo, é um facto que adeptos do clube se vêem regularmente envolvidos em situaçãoes a que urge pôr cobro e, nesse sentido, penso que a justiça desportiva deve ter mão pesada. Para com os vimaranenses e para com todos os adeptos de todos os clubes que têm comportamentos semelhantes.

      Vou mais longe: o exemplo deveria vir de dentro do campo. Por vezes vejo autênticas agressões protagonizadas por jogadores que depois são punidos apenas com um jogo de suspensão. Alguns, digo eu. até deveriam ser irradiados.

      Estou a escrever isto e lembrei-me de um caso que já tem alguns anos mas que vem a propósito: lembra-se daquele jogador do F.C. Porto, num jogo contra o Boavista, que atitou com uma bota a um árbitro? E lembra-se do castigo?

      Pois é...

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    4. Sim, o exemplo deve vir de dentro do campo. É uma pena que não haja em Portugal a lealdade, o respeito e o profissionalismo de outros campeonatos. Se é verdade que se trata de um problema socio-cultural, também é um facto que o conselho disciplinar poderia, sem dúvida, tomar medidas para remediar a situação.

      Lembro-me sim, Tini Tolo, com saudade, muito honestamente. Mas na altura "uma chantagem fantástica " (citando Antero Henriques) chegou para a redução do castigo previsto.

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  2. László Almásy29/03/2013, 23:37:00

    Em jeito de aparte, os meus sinceros parabéns, Tini Tolo, pelo trabalho no blog. É apenas a 2/3 vez que visito e é a 1ªa vez que comento, pois só recentemente soube do blog .Lamento que os post não apareçam mais regularmente, mas compreende-se já, pelos vistos, gere o blog sozinho. Digo-lhe que ganhou um leitor assíduo e interessado. A meu ver a qualidade de escrita, de opinião e o conhecimento de Tini Tolo não cuadunam com o numero de visitas e comentários. Chamemos subvalorização ao fenómeno.
    Um abraço e bom trabalho, László Almásy

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    1. László,

      Muito obrigado pelas suas palavras.

      Este blog é apenas um passatempo e nos últimos tempos a disponibilidade tem sido pouca... Também não quero assumir outro compromisso com os eventuais leitores que não seja o de partilhar com eles a minha opinião sobre alguns assuntos e sobre um maneira diferente de ver o Futebol e o desporto em geral.

      Um abraço.

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